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G20 começa com desafios da taxação de super-ricos e combate à fome

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já conta com a adesão de 81 países e aporte do BID da ordem de US$ 25 bilhões

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Ricardo Stuckert/PR
Imagem colorida do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com Guterres, durante cumprimentos aos líderes do G20
1 de 1 Imagem colorida do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com Guterres, durante cumprimentos aos líderes do G20 - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Começa nesta segunda-feira (18/11) a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, com a participação de dezenas de chefes de Estado. Ao longo de dois dias, o grupo vai discutir os temas prioritários da presidência brasileira e, ao final, deve entregar declaração com os principais pontos acordados.

As autoridades tentam encontrar consenso em relação a temas como a taxação dos super-ricos, o combate à fome e à pobreza, o financiamento de ações para mitigar efeitos das mudanças climáticas e a reforma das instituições internacionais.

Durante o período no comando do G20, o Brasil pautou a proposta de tributar em 2% as fortunas dos bilionários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – na foto em destaque com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres – defende que o montante seja destinado para o combate às desigualdades em países que mais necessitam.

O debate sobre a questão, no entanto, tem sofrido resistência do governo argentino, chefiado pelo presidente Javier Milei, que é contra a proposta. O titular da Casa Rosada desembarcou no Rio de Janeiro nesse domingo (17/11).

Outra prioridade brasileira é o combate à fome. Nesta segunda-feira, na abertura da cúpula, ocorrerá o lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que visa ampliar políticas de transferência de renda para populações vulneráveis. A meta é alcançar 500 milhões de pessoas até 2030.

Além do Brasil, já anunciaram que endossarão o projeto: Alemanha, Noruega, Paraguai, Bangladesh, União Europeia e União Africana. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também confirmou apoio à proposta.

No sábado (16/11), Lula defendeu que a fome seja tratada como “questão política”. “A fome não é uma questão da natureza. A fome não é uma questão alheia ao ser humano. A fome hoje é tratada como se não existisse por conta da irresponsabilidade de todos nós, governantes do planeta Terra. E é por isso que nós estamos tratando a fome como uma questão política”, disse o presidente em discurso.

Até esse domingo, 81 países aderiram ao programa, aumentando, em muito o número que nações que haviam se juntado à iniciativa até a sexta-feira (15/11). Mais países são bem-vindos à Aliança: o Brasil espera que o número final se aproxime de 100.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou um aporte ao projeto de US$ 25 bilhões, cerca de R$ 146 bilhões , para projetos na América Latina e no Caribe. Ao todo, nove instituições financeiras aderiram à aliança.

Reforma da ONU

Também está na pauta dos líderes do G20 a reforma das instituições de governança global – entre elas, o Conselho de Segurança da ONU. O grupo, criado após a Segunda Guerra Mundial, é alvo de críticas pela falta de representação. Atualmente, o comitê é formado por cinco membros permanentes com poder de veto: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.

A regra tem impedido, por exemplo, a adoção de medidas mais enérgicas para o conflito entre Rússia e Ucrânia e a ação de Israel na Faixa de Gaza.

No Rio de Janeiro, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o organismo “reflete o mundo de 80 anos atrás” e defendeu mudanças.

Questão climática

Outra frente de trabalho do Brasil no G20 é a discussão sobre ampliar o financiamento para ações de combate às mudanças climáticas. O objetivo é alinhar os recursos às metas do Acordo de Paris.

Paralelamente a isso, no Azerbaijão, negociadores da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) enfrentam dificuldade em encontrar consenso sobre o financiamento das ações. Países em desenvolvimento cobram ao menos US$ 1 trilhão das nações desenvolvidas para financiar mitigação, adaptação e perdas e danos decorrentes da crise climática. No entanto, os países ricos resistem.

O secretário executivo do Clima na Organização das Nações Unidas (ONU), Simon Stiell, pediu mais participação dos líderes do G20 nas negociações sobre o tema. “Os líderes do G20 devem sinalizar em alto e bom som que a cooperação internacional ainda é a melhor e única oportunidade que a humanidade tem para sobreviver ao aquecimento global”, disse, em carta.

Agenda

Nesta segunda, a cúpula começa com a chegada dos líderes ao Museu de Arte de Moderna. As autoridades serão recepcionadas pelo presidente Lula.

Ainda pela manhã, acontece o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, seguida da primeira sessão de debates entre os líderes. À tarde, na segunda sessão, os chefes de Estado vão discutir a reforma da governança global.

Já na terça-feira (18/11) pela manhã ocorrerá mais uma reunião entre as autoridades, com o objetivo de discutir o desenvolvimento sustentável e a transição energética. Depois, por fim, haverá a sessão do encerramento da cúpula e a cerimônia de transmissão da presidência do G20 para a África do Sul.

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