Fundador da Prevent Senior: estudo não comprova eficácia da cloroquina
Empresa é suspeita de ter ocultado, em pesquisa sobre a cloroquina, o número de mortes de pessoas em tratamento contra a Covid-19
atualizado
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O fundador da operadora de saúde Prevent Senior, Fernando Parrillo, afirmou que o estudo conduzido pela empresa não prova a eficácia do medicamento hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.
A afirmação foi dita em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, veiculada nesta quinta-feira (23/9), um dia após o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Júnior, prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado Federal.
A empresa é suspeita de ter ocultado, em estudo sobre a cloroquina, o número de mortes de pessoas em tratamento contra a Covid-19.
A instituição, conforme revelou o Metrópoles, adotou o protocolo de administrar medicamentos – como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina – sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19 com o acompanhamento do governo federal.
O protocolo foi desenvolvido com a ajuda de pelo menos um membro do “gabinete paralelo”, que aconselhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia.
Além disso, a operadora de saúde é acusada de ter coagido médicos para que adotassem o protocolo de aplicar as drogas em pacientes sem o conhecimento deles ou dos familiares.
Adulteração de resultados
“Essas sete mortes ocorreram depois que o estudo estava fechado. O prazo de observação dos pacientes era de 26 de março a 4 de abril de 2020. Nesse período, dois pacientes faleceram, um de problemas cardíacos e outro de câncer”, justificou.
Gabinete paralelo e tratamentos atuais
Apesar de vídeos e publicações nas redes sociais comprovarem que o governo federal recebia informações da Prevent Senior por meio do chamado gabinete paralelo, Parrillo negou qualquer relação com o presidente Bolsonaro.
“Eu nunca encontrei o presidente nem falei ao telefone com ele. Não me envolvo em política. Fiz várias lives nesse período, ele [Bolsonaro] pode ter tirado os dados de lá. Nise Yamaguchi já esteve nos nossos hospitais por causa de pacientes dela, mas ela não trabalha para nós”, afirmou.
Questionado se a Prevent Senior ainda oferece os medicamentos do chamado Kit Covid, Parrillo afirmou que a empresa respeita a “autonomia médica”. “Cada profissional receita oq ue considerar melhor para o seu paciente”, disse.
“Não existem pesquisas definitivas que apontem que esses medicamentos não funcionam. Na nossa observação empírica, notamos progressos. Na medicina, muitas coisas foram descobertas de forma observacional”, justificou.