Fundador da Anvisa e ex-ministro integram debate e falam sobre vacina
Gonzalo Vecina e José Carlos Temporão vão falar sobre o movimento sanitarista e o SUS
atualizado
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A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) organiza, nesta sexta-feira (28/05), a partir das 19h, um debate virtual para discutir sobre a história do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o movimento sanitarista e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O debate será transmitido pelo portal da FAP e nas redes sociais da entidade (Facebook e Twitter).
O médico sanitarista Gonzalo Vecina, fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ex-diretor do Instituo Nacional do Câncer (Inca), Luiz Santini, e o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão são alguns dos participantes.
Um dos assuntos a serem abordados será a vacina contra a Covid-19 no Brasil. Vecina defende que a Anvisa, órgão que ajudou a criar, não atrasou a aprovação de imunizantes no país.
De acordo com o médico, a Anvisa tem mantido o seu perfil técnico, mesmo com as pressões políticas. Em entrevista ao portal da Fundação Astrojildo Pereira, Vecina afirma que, nos últimos anos, a agência “ganhou muita capacidade de responder, foi muito positiva e preparada para ter um corpo técnico altamente qualificado”.
Em contrapartida, o ex-diretor do Instituo Nacional do Câncer (Inca), Luiz Santini, reforçou as críticas à “falta de capacidade de articulação” do governo brasileiro diante da pandemia.
Na CPI
Em um depoimento surpreendente à CPI da Covid neste mês, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, criticou as falas e ações negacionistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O diretor-presidente afirmou que houve tentativa, a partir de um decreto presidencial, de modificar a bula da hidroxicloroquina para que o medicamento fosse utilizado no tratamento contra o novo coronavírus.
De acordo com o ex-presidente da agência, a vigilância sanitária recebeu destaque na pandemia, apesar de já existir como função antes da crise global. “A construção do SUS recolocou a vigilância sanitária em outro patamar, e isso pode ser visto nos estados que fizeram a modernização de suas estruturas de saúde”, afirmou Vecina.
Desarticulação
Entretanto, o ex-diretor do Inca afirmou que a desarticulação do governo faz com que o Brasil sofra ainda mais. “Estamos diante da maior crise de saúde pública dos últimos 100 anos, talvez da nossa história, pelo menos dentro das condições que teríamos de enfrentar o problema, e não estamos enfrentando por falta de capacidade de articulação”, criticou.
A situação do país, uma vez agravada pela pandemia, se encontra muito diferente do que se viu no governo na década de 1990, período de reestruturação política e econômica no Brasil. A criação da Anvisa aconteceu no último ano dessa década.
Gonzalo Vecina lembrou que, a partir da criação da agência, vários acordos para capacitar profissionais foram firmados entre o governo e universidades do país.
“Contratamos cursos de especialização, mestrado, para todos os trabalhadores que estavam na Anvisa, na época, e aos que também estavam em processo de concurso”, afirmou o médico. E continuou: “a Anvisa foi criada na sombra da universidade”.
Luiz Santini também destaca a importância do PCB para o movimento sanitarista e a criação do SUS no Brasil. O ex-diretor do Inca afirma que “o partido teve participação muito grande pela visão estratégica de construção de frente política”.
Vecina também destacou que o PCB “foi importante para ampliar a construção do diálogo”, lembrando que o partido, com o objetivo de atender ao interesse da sociedade, sempre foi pautado pela articulação política e pelos ideais democráticos e republicanos.