Funai vai criar “comitê de crise” para lidar com violência no Maranhão
A decisão ocorre após um ataque no estado que deixou indígenas feridos e mutilados
atualizado
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A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que vai montar um “comitê de crise” nesta terça-feira, (2/5), para lidar com os desdobramentos dos atos de violência ocorridos neste último domingo (30) quando indígenas do Povoado das Bahias, no município de Viana (MA), foram alvo de ataques de pistoleiros.
“A Coordenação Regional de Imperatriz [da Funai] já está mobilizada tomando todas as providências necessárias no caso”, declarou a autarquia, por meio de sua assessoria de comunicação. “A procuradoria da Funai está em contato direto com o delegado do município de Viana, e nossos servidores acompanharão in loco o inquérito a partir de amanhã. Dia em que será formado, pela manhã, um comitê de crise com os diretores e o presidente da Funai para prestar toda a ajuda necessária aos feridos e garantir o cumprimento da lei”, informou a fundação vinculada ao Ministério da Justiça.
Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cinco índios foram baleados e dois tiveram as mãos decepadas. “Chega a 13 o número de feridos a golpes de facão e pauladas”, declarou o Cimi. Não há, até o momento, a confirmação de mortes. Cinco indígenas foram transferidos durante a noite de ontem e a madrugada de hoje para o Hospital Socorrão 2, Cidade Operária, na capital São Luís. A reportagem tentou contato com o hospital, sem sucesso.
De acordo com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Aldeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. Seu irmão, José Ribeiro Gamela, levou um tiro no peito. O terceiro atingido foi o indígena e agente da CPT no Maranhão Inaldo Gamela, com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.
O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), usou a rede social Twitter para publicar documentos nos quais afirma que já tinha pedido ajuda da Funai sobre os conflitos com o povo gamela em agosto de 2016. Em outubro, aponta uma carta da Funai, o governo foi informado que não seriam feitos estudos sobre o processo de demarcação de terras na região porque a Funai não tinha recursos nem equipe técnica para tocar os trabalhos.
Flavio afirmou que, ao contrário do que foi divulgado pelo Cimi e pela Comissão Pastoral da Terra, indígenas não teriam tido membros decepados durante o conflito de domingo. “Até agora não houve nenhuma vítima com mãos decepadas. Continuamos procurando e cuidando dos 3 hospitalizados”, afirmou no Twitter.
O governador confirmou haver sete vítimas de violência e que, no momento, nenhuma delas corre risco de morte. “Dos sete, três ainda estão internados”, declarou. “Se políticos tiverem participado ou instigado atos de violência, o governo do Maranhão vai pedir investigação nas instâncias competentes”, afirmou Dino. “Repudio qualquer violência, sejam ou não indígenas. Tudo será apurado pela Polícia e entregue ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.”