metropoles.com

Funai vai atuar para jovem indígena não recorrer ao garimpo, diz futura presidente

A ex-deputada federal Joenia Wapichana (Rede) será a primeira indígena a presidir a Funai desde a criação do órgão, em 1967

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação / Instagram
Joenia Wapichana (Rede – RR)
1 de 1 Joenia Wapichana (Rede – RR) - Foto: Divulgação / Instagram

A futura presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana (Rede), declarou que vai atuar para evitar que a população indígena seja atraída para o trabalho em garimpos ilegais.

“A Funai vai buscar oferecer alternativas para que o jovem [indígena] não vá pro garimpo”, afirmou Joenia em entrevista ao Metrópoles. Ela será a primeira indígena a comandar a Funai desde a criação do órgão, em 1967.

Na terra indígena Yanomami, por exemplo, jovens são atraídos para atividade de garimpo ilegal com a promessa de obter fortunas em pouco tempo.

É comum ainda ver jovens serem aliciados por meio do oferecimento de drogas e bebidas alcoólicas que são levadas por criminosos que atuam em garimpos. Além de ilegal, a extração de minérios é responsável pela poluição e pelo adoecimento de comunidades.

Em 2022, o Metrópoles viajou para a região do rio Madeira, no Amazonas, onde há uma área de garimpo ilegal e também a presença da comunidade indígena Tenharim. No local, a atividade predatória teve um salto de 2,2 mil hectares em 1985 para 9,66 mil hectares em 2020.

4 imagens
Os minérios extraídos da região de garimpo ilegal são exportados principalmente para o Canadá, Suíça, Polônia Reino Unidos, Emirados Árabes, Itália e Índia
Os povos indígenas da região são ameaçados e convocados para atividade predatória na região
Com a promessa de enriquecimento, fácil várias pessoas vão para a região de garimpo ilegal para tentar mudar de vida
1 de 4

O garimpo ilegal traz prejuízos tanto para o meio ambiente como para as pessoas que vivem na região e são intoxicadas por mercúrio, utilizado na extração do ouro

Igo Estrela/Metrópoles
2 de 4

Os minérios extraídos da região de garimpo ilegal são exportados principalmente para o Canadá, Suíça, Polônia Reino Unidos, Emirados Árabes, Itália e Índia

Igo Estrela/Metrópoles
3 de 4

Os povos indígenas da região são ameaçados e convocados para atividade predatória na região

Igo Estrela/Metrópoles
4 de 4

Com a promessa de enriquecimento, fácil várias pessoas vão para a região de garimpo ilegal para tentar mudar de vida

Igo Estrela/Metrópoles

Críticas ao governo Bolsonaro

Joenia Wapichana assume o posto deixado por Marcelo Xavier, delegado da Polícia Federal criticado por não ter promovido novas demarcações de terras indígenas durante a sua gestão.

A futura presidente da Funai relembrou a importância do tema e criticou o arrendamento de territórios para terceiros.

“Arrendamento de terra é ilegal porque não faz sentido demarcar a terra indígena para conceder a terceiros que não são indígenas”, afirmou Joenia Wapichana em entrevista ao Metrópoles, na quinta-feira (12/1).

Apesar de ser uma prática proibida pela lei, o arrendamento persiste em alguns territórios nacionais. Nela, um contrato é firmado entre o proprietário das terras (indígenas) e a pessoa que tem interesse em usar a área para agropecuária e mineração. A presidente da Funai afirma que o órgão trabalhará para garantir o “direito coletivo” dos indígenas, que têm usufruto exclusivo dos recursos naturais das terras demarcadas.

“A gente tem que fazer valer o direito coletivo, que se sobrepõe aos interesses particulares de alguns que querem fazer arrendamento ou abrir terras indígenas para exploração de terceiros”, disse a futura presidente da Funai.

Diálogo com apoiadores de Bolsonaro

Joenia Wapichana afirma que o governo federal manterá diálogo com os povos originários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O governo Lula não assumiu para amedrontar nem ameaçar, a não ser que haja ilegalidades, aí as pessoas vão ter que responder pelos seus atos.”

Retomada de pautas indígenas

Joenia Wapichana comemorou a retomada do protagonismo das pautas indígenas no governo federal com a posse de Lula. Ela defendeu a mudança no nome da Funai, que deixou de ser Fundação Nacional do Índio e passou a ser Fundação Nacional dos Povos Indígenas.

A futura presidente da Funai declarou ainda que a medida é importante para demonstrar a verdadeira coletividade dos povos indígenas.

“O nome correto não é indígena, é povos indígenas. Por quê? Porque a gente traz uma coletividade. Nós não somos um povo, nós somos vários povos. São mais de 305 povos existentes no Brasil”, explica Joenia sobre o nome.

“Existe uma diversidade cultural que a nossa Constituição já assegura, respeitando a cultura, os costumes, as tradições. Então a terminologia correta são povos indígena e não índios”, diz Joenia Wapichana.

Quem é Joenia Wapichana

Joenia é formada em direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e mestre em direito internacional pela Universidade do Arizona. A presidente da Funai é natural de Boa Vista, capital de Roraima. Ela é a primeira advogada indígena do Brasil e construiu sua trajetória atuando em defesa dos direitos dos povos originários.

Em 2018, tornou-se a primeira deputada federal indígena do Brasil, após receber 8.491 votos em Roraima.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?