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Funai repudia as fotos que mostram povos indígenas isolados no Acre

Segundo a instituição, o trabalho foi realizado sem autorização e atende somente aos interesses de venda de notícias sensacionalistas

atualizado

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Divulgação
Índio Uanderson Camargo da tribo Guarani do Estado do Para.
1 de 1 Índio Uanderson Camargo da tribo Guarani do Estado do Para. - Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira (23/12), a Fundação Nacional do Índio (Funai) emitiu uma nota em repúdio a matéria “Stunning New Photos of Isolated Tribe Yield Surprises”, da National Geografic, repercutida pela BBC Brasil, na qual o fotógrafo Ricardo Stuckert retratou fotos exclusivas de povos indígenas no Acre.

Segundo a organização, a reportagem, que foi amplamente repercutida em diversos veículos de comunicação, representa uma violência cultural sem medida. A Funai desmentiu argumentos que dizem que esse tipo de trabalho contribuem para a preservação das comunidades, pois “atende somente aos interesses de venda de notícias sensacionalistas, não segue estratégias de proteção territorial e se omite diante dos direitos dos povos indígena”.

A Funai alega que a documentação fotográfica foi realizada sem autorização de acesso a Terras Indígenas e direito de imagem, violando direitos fundamentais estipulados na Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Confira o comunicado:

A Funai vem a público manifestar-se diante da reportagem veiculada pela National Geographic, “Stunning New Photos of Isolated Tribe Yield Surprises”, repercutida por diversos meios de comunicação, na qual o fotógrafo Ricardo Stuckert apresenta fotos de povo indígena isolado no estado do Acre.

Primeiramente, a reportagem demonstra desrespeito aos povos indígenas isolados ao expor publicamente indígenas que se mantêm em isolamento por decisões próprias. O teor invasivo do sobrevoo e, consequentemente, das fotografias pode ser percebido no semblante de terror dos indígenas e na postura de ataque ao empunhar arcos e flechas contra a aeronave, conforme registrado na própria reportagem. Os efeitos de uma violência simbólica desse nível são social e culturalmente imensuráveis.

A instituição refuta argumentos que defendem que esse tipo de trabalho pode, de alguma maneira, contribuir para a defesa dos povos em questão, uma vez que atende somente aos interesses de venda de notícias sensacionalistas, não segue estratégias de proteção territorial e se omite diante dos direitos dos povos indígenas. Prova disso é o fato de que o trabalho foi realizado à revelia dos trâmites necessários ao controle de acesso a Terras Indígenas, inexistindo autorização de ingresso ou observância do direito de imagem, o que configura violação de direitos fundamentais preconizados na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.

A legislação indigenista tem mecanismos de proteção aos povos indígenas isolados e de recente contato, de maneira que a Funai tomará providências para a devida responsabilização dos autores e envolvidos, assim como para o resguardo dos povos indígenas em questão.

Fundação Nacional do Índio (Funai)
Brasília, 23 de dezembro de 2016

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