Funai: MPF quer afastar missionário que cuida de índios isolados
O órgão voltou a apontar riscos com presença de Ricardo Dias na coordenação que cuida de povos indígenas, sob “ameaça concreta de genocídio”
atualizado
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O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça, nesta quarta-feira (08/04), que reconsidere decisão anterior e suspenda imediatamente a nomeação do missionário Ricardo Lopes Dias para o cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC), da Fundação Nacional do Índio (Funai).
O pedido tinha sido feito em fevereiro, antes da nomeação, mas a liminar foi negada. O MPF traz agora fatos novos que “reforçam os riscos com a presença de Ricardo na coordenação que cuida de povos indígenas, que são mais vulneráveis e correm ameaça concreta de genocídio” com a pandemia de Covid-19.
A petição diz que o novo coronavírus e a “conduta omissiva” do missionário, no que se refere à proteção desses povos, expõem os indígenas a um risco iminente de genocídio, dada a baixa resistência que esses índios têm a agentes patogênicos exteriores, principalmente quando relacionados a doenças respiratórias.
“Historicamente, muitos povos indígenas sofreram graves mortandades após contato com não indígenas contaminados com esse tipo de doença”, diz trecho do texto.
O documento sustenta que “a quebra do isolamento num contexto de pandemia pode levar a reduções populacionais ou extermínios de grupos inteiros, sendo inadmissível a letargia da Funai e do coordenador da CGIIRC em, norteado pela precaução, elaborar os Planos de Contingência e prever protocolos rígidos para evitar a disseminação da doença em povos que não têm memória imunológica”.