“Fui polêmico?”, questiona Bolsonaro após frase sobre Forças Armadas
Chefe do GSI disse que as Forças Armadas são, por determinação constitucional e legal, os detentores do emprego legal da violência
atualizado
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Após afirmar, em discurso, que a “democracia só existe se as Forças Armadas assim o quiserem”, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) utilizou as redes sociais, ao lado do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), general Augusto Heleno, para esclarecer o teor da frase.
Em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, nesta quinta-feira (7/3), o presidente repetiu que o Brasil deve a democracia e a liberdade às Forças Armadas. “É assim em todo lugar do mundo e essa fala já começou a dar lugar às mais diversas interpretações”, disse, para depois perguntar ao ministro se ele ele tinha sido polêmico ao fazer tal afirmação.
“Claro que não”, ressaltou o chefe do GSI. “Isso aí não tem nada de polêmico. Pelo contrário. Suas palavras foram ditas de improviso para uma tropa qualificada e foram colocadas exatamente para aqueles que amam a sua Pátria, para aqueles que vivem diariamente o problema da manutenção da democracia e da liberdade”, comentou.
O general disse que tentam distorcer o que o presidente falou. “Como se isso [democracia e liberdade] fosse um presente dos militares aos civis. Não é nada disso. As Forças Armadas são, por determinação constitucional e legal, os detentores do emprego legal da violência. Pode chocar alguns, mas isso é o que está escrito e as Forças Armadas são responsáveis por essa manutenção”, disse Heleno.
“E não é porque eu sou militar, mas os militares, diferentemente do que aconteceu nos últimos 20 anos, serão tratados com dignidade e respeito”, completou o presidente.
Bolsonaro e o general Augusto Heleno aproveitaram a polêmica em torno das Forças Armadas para inaugurar um novo canal de diálogo com a sociedade: uma transmissão ao vivo pelo Facebook, que se dará todas as quintas-feiras, às 18h30, estando o presidente no Brasil ou no exterior. Na live inaugural, eles estiveram acompanhados do porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.
Imposto sindical
Sobre a medida provisória publicada durante o feriado, que endureceu as regras para o imposto direcionado a sindicatos, o presidente afirmou que se o trabalhador entender que seu sindicato faz um bom trabalho, poderá escolher pagar a contribuição – que antes era descontado em folha caso o funcionário escolhesse contribuir. Agora, o pagamento deverá ser em boleto. A reforma trabalhista de 2017 já havia acabado com a obrigatoriedade do recolhimento da contribuição.
O general Augusto Heleno ainda buscou explicar o aumento dos gastos de cartão corporativo no início da gestão Bolsonaro. Para ele, o assunto foi “colocado por uma parte da imprensa de maneira incorreta”.
Segundo ele, o aumento de 16% nos valores dos cartões se deu pela diferença da posse presidencial e o fato de o país ter agora um presidente e um vice-presidente. “Agora em janeiro de 2019 nós tínhamos um presidente deixando o poder, o presidente que foi eleito e mais o vice-presidente”, justificou.
Ainda de acordo com Heleno, os gastos da posse, desde o aparato até a vinda de presidentes estrangeiros, fizeram com que os números aumentassem. “Todo esse movimento, é lógico, acabou fazendo com que o cartão corporativo aumentasse sua despesa e noticiaram como se tivesse sido uma extravagância, o que não aconteceu”, reclamou.
Concurso no Banco do Brasil
Bolsonaro ainda gastou alguns minutos para reclamar da abertura de um concurso no Banco do Brasil para assistente técnico. No que classificou como o “nível de aparelhamento” do país, descreveu as exigências do edital, que pedia cursos de diversidade e prevenção ao assédio moral e sexual. “Isso daqui é questão de educação. Ninguém precisa fazer curso nesse sentido”.
O presidente disse ter consultado o presidente do Banco do Brasil, Marcelo Augusto Labuto, e que os próximos editais não terão mais a exigência e aconselhou: “Se porventura alguém for aprovado no concurso e for exigido esse diploma, você pode entrar na Justiça que tu vai ganhar (sic)”, disse.