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“Fui assediada. Só pelo fato de existir, mereço respeito”, diz Isa Penna

Deputada discutiu com Cauê Macris, presidente da Alesp, que se recusou a exibir na Alesp vídeo em que Fernando Cury toca em seu corpo

atualizado

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Isa Penna
1 de 1 Isa Penna - Foto: Reprodução

São Paulo – Em discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na tarde desta quinta-feira (17/12), a deputada estadual Isa Penna (PSol) se pronunciou sobre situação flagrada por gravação em vídeo na sessão legislativa na madrugada desta quinta. No vídeo, Isa Penna conversa com a mesa diretora da assembleia, quando o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) a abraça por trás, tocando a lateral do corpo, apalpando parte dos seios dela.

Veja:

Em declaração emocionada no plenário, nesta quinta, Isa Penna discursou sobre o que considera uma violência institucional que impede mulheres de exercerem cargos políticos com tranquilidade.

“Eu fui assediada, eu fui apalpada na lateral do meu corpo pelo deputado Fernando Cury, do partido Cidadania. E eu vou entrar com um boletim de ocorrência e com uma representação. O que dá direito a alguém a encostar em uma parte íntima do meu corpo? O meu peito é íntimo. É o meu corpo. Eu estou pedindo pelo direito de ficar de pé e falar com o presidente da Assembleia Legislativa sem ser assediada. Eu sou uma deputada eleita com 53 mil votos, luto pelo direito das mulheres, luto contra o assédio. Só pelo fato de eu existir, eu mereço respeito. Eu tenho o direito de estar aqui sem ser apalpada”, ressaltou

A deputada também declarou que na sessão dessa quarta-feira (16/12) deputados compartilhavam um vídeo em que a deputada dançava funk. “Rolaram algumas brincadeiras, é normal, mas houve outras, que a gente percebe pelo tom da pessoa. Meu corpo estava passando pelos celulares de vocês. Eu não vejo problema em dançar funk. A dança é uma forma de expressão. Eu entendo que é preciso dialogar com os homens para que se descontrua esse tipo de comportamento, que coloca nosso corpo como mercadoria, a todo momento sendo oferecido ao lado de um carro ou de uma cerveja”, observou.

A deputada discutiu com o presidente da mesa, o deputado Cauê Macris (PSDB), porque ele se recusou a exibir o vídeo durante a sessão. “O vídeo está disponível. [Temos que] entender que sim, é uma exceção e exceções têm que acontecer para que isso que aconteceu ontem não vire a regra. Você tem uma filha, Cauê. Por favor, presidente”, declarou Isa Penna.

“No que pese a gravidade da denúncia que vossa excelência está fazendo, nunca abri exceção porque o regimento é muito claro e eu peço desculpas a vossa excelência”, declarou Macris.

“Senhor presidente, é esta postura de omissão e de silêncio que faz com que o seu colega se sinta na liberdade de fazer o que ele fez comigo ontem”, declarou Isa Penna.

 

Metrópoles tentou entrar em contato com o gabinete do deputado Fernando Cury (Cidadania-SP), mas até a publicação deste texto, não havia obtido retorno. O espaço está aberto.

Em nota divulgada nas redes sociais, o Cidadania, partido de Cury, disse que “exige as devidas explicações do parlamentar e encaminha o caso ao nosso Conselho de Ética, para que ouvido o representado, sejam tomadas providências cabíveis e efetivas. A legenda não tolera qualquer forma de assédio e atuará fortemente para que medidas definitivas sejam adotadas”.

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