SP: França chama câmeras em policiais de “abuso” e defende mudanças
Pré-candidato ao governo de SP sugeriu “só ligar a câmera quando o policial saca a arma ou o cassetete”
atualizado
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São Paulo – O pré-candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB) afirmou que “não é correto filmar o policial o tempo todo” e defendeu mudanças no uso das câmeras nas fardas de agentes militares, medida adotada no estado no início de 2021.
Para França, “o que separa um policial militar ou civil de um outro servidor público qualquer é fato de que ele pode usar a força”, como armas, cassetetes e algemas, e que, por isso, as filmagens só deveriam ser feitas a partir do “momento em que o policial saca a arma ou o cassetete”. A fala foi feita durante sabatina realizada pelo UOL e pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (2/5).
“O que está errado é gravar 12 horas uma pessoa seguida. Imagina uma policial que vai ao banheiro, e a câmera gravando, imagina eu falando com minha esposa, a câmera grava 12 horas seguidas, sem nenhuma interrupção. Só vai ligar a câmera quando tiver em ação, quando a pessoa saca a arma, tira o cassetete, liga a câmera. É automático, você sacou a arma, ligou, mexeu no cassetete, ligou”, sugeriu, sem explicar detalhadamente como funcionaria esse mecanismo.
O pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes comparou o policial com outras categorias de servidores, e disse que as câmeras nas fardas são uma violação da privacidade dos agentes.
“Imagina os gabinetes dos deputados gravando 12 horas seguidas por dia, do governador, por que não fazem isso com eles? É fácil você apontar o dedo e jogar nas polícias. Se você pode filmar um policial 12 horas, você acha correto filmar todos os professores durante todas as aulas, todos os servidores, e os juízes durante as oito horas por dia? Todo mundo que é servidor público está disposto a usar uma câmera como se tivesse um grande irmão tomando conta da gente durante todo o dia?”, questionou.
França, que foi governador de São Paulo por nove meses, disse que o custo das câmeras e da armazenagem das filmagens em cinco anos custará R$ 600 milhões aos cofres públicos, o que poderia ser utilizado “para criar um programa de empregos para os jovens trabalharem”.
No início do mês, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo divulgou dados que mostram que batalhões da PM com câmeras nas fardas tiveram, no período de junho de 2019 a outubro de 2021, 87% menos confrontos do que equipes sem o recurso de vídeo. Entre as equipe que não são monitoradas em tempo real por vídeo, também houve uma redução de confrontos nesses três anos, mas em um patamar 10 vezes menor.