Fóssil de réptil com 225 milhões de anos é descoberto no Brasil
Réptil é tido como uma linha evolutiva mais básica dos pterossauros. A descoberta é Museu Nacional em parceria com outras cinco instituições
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – Um estudo realizado por pesquisadores do Museu Nacional da UFRJ , em parceria com outras cinco instituições, revelou um novo réptil de 225 milhões de anos, encontrado no Rio Grande do Sul.
O animal é da linha evolutiva que deu origem aos pterossauros, um dos primeiros vertebrados a desenvolverem voos ativos.
Além da equipe do Museu Nacional, o estudo contou com a participação de pesquisadores: da Universidade Federal de Santa Maria, da Universidade Regional do Cariri, da Universidade Federal do Pampa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da COPPE/UFRJ.
Os primeiros vestígios do réptil intitulado Maehary bonapartei foram encontrados em 2010, mas classificados como sendo de um pterossauro denominado Faxinalipterus minimus.
Em entrevista ao Metrópoles, o diretor do Museu Nacional e especialista em pterossauros, Alexander Kellner, explica o equívoco do passado e fala da importância da descoberta para a ciência e a história do país.
“Descobrir um pterossauro é algo muito importante, e eles achavam que era isso. Mas quando eu tive a oportunidade de ver o material, vi características que não eram condizentes com os pterossauros. Foi aí que começamos os trabalhos de reescrever isso, deixando claro que eram dois exemplares de espécies diferentes”, conta Kellner.
A confusão se deu porque o esqueleto do Faxinalipterus minimus foi encontrado em expedições distintas, uma em 2002 e outra em 2005, no mesmo local, no sítio fossilífero Linha São Luiz, localizado no município de Faxinal do Soturno, no Rio Grande do Sul. Além disso, era frágil e estava recoberto por rochas.
Novo fóssil encontrado
Por volta de 2019, um novo fóssil foi encontrado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, com características similares à parte do esqueleto achado anteriormente.
“Estávamos avançando no levantamento, de algo que já sabíamos que não era pterossauro, nem dinossauro, era algo pré, quando os colegas ligaram e falaram ‘olha, encontramos algo similar ao que vocês têm estudado’. Nós olhamos e vimos que realmente era praticamente idêntico”, conta Kellner.
A partir disso, um grupo da Coppe/UFRJ confirmou, com ajuda de um tomógrafo, o que já se era imaginado, a existência do Maehary bonapartei.
“É como uma tomografia, ajuda nos estudos paleontológicos, ela permite que visualizemos detalhes anatômicos ainda cobertos por rochas. Muitos desses materiais são frágeis e corremos riscos de quebrá-los na tentativa de retirar”, explica o diretor do Museu Nacional.
Resultados relevantes
“É uma descoberta que mostra, mais uma vez, a importância da ciência, que tem sido muito maltratada. Mais uma vez a ciência produz resultados relevantes, que deu um pouco mais de noção de tempo de evolução da vida no nosso planeta, em particular no Brasil”, diz o pesquisador.