Fósseis de espécie inédita de dinossauro são encontrados no Brasil
Expedição de pesquisadores na Caatinga cearense encontrou fósseis de vértebras do Tiamat valdecii, dinossauro do grupo dos titanossauros
atualizado
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Pesquisadores das universidades federais de Goiás (UFG), do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do Estado do Rio (UERJ) descobriram uma nova espécie de dinossauro, durante expedição feita numa área de Caatinga, na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.
Batizada como Tiamat valdecii, a nova espécie pertence à classe dos titanossauros. A descoberta é considerada histórica, pois, além de se tratar de uma nova espécie, é também a primeira já feita na Bacia Potiguar. A área exata fica a 20 km da cidade de Quixeré (CE).
O estudo referente à descoberta foi publicado na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society. A escolha do nome para identificar a espécie não foi feita por acaso. Trata-se de uma homenagem.
O nome Tiamat é uma menção à deusa das mitologias suméria e babilônica, e que era descrita como um dragão. O grupo dos titanossauros é conhecido por ter calda longa, corpo robusto, com cabeça pequena, alongada e pescoço curto
Professor da UFG e um dos autores do estudo, Carlos Roberto dos Anjos explica que, antes da ciência, quando pessoas encontravam fósseis de dinossauros desse tipo, elas acreditavam que eram de dragões.
Expedição
Ao todo, os pesquisadores passaram 15 dias na Caatinga, enfrentando adversidades climáticas, com variação entre dias de calor e chuva. Em um deles, choveu tanto que a escavação chegou a ser inundada.
O esforço, no entanto, valeu a pena. Eles encontraram fósseis de vértebras caudais de titanossauro completas e parcialmente preservadas. Ao todo, foram três vértebras caudais anteriores, quatro médias e um arco neural parcial.
A diferença da nova espécie para os demais titanossauros se dá, basicamente, por possuir uma proeminência extra bem marcada numa das vértebras. Além disso, ela tem uma vértebra média curta, com área de articulação bem definida para o chamado arco hemal (estrutura óssea).
Com essa estrutura, que permitia maior conexão entre uma vértebra e outra, acredita-se que os dinossauros Tiamat tinham uma estabilidade maior, em relação aos demais titanossauros. Os pesquisadores apontam, por exemplo, que eles conseguiam mover a cauda com mais facilidade.
Destino dos fósseis
Os fósseis encontrados na expedição foram incorporados à Coleção de Répteis Fósseis do Departamento de Geologia da UFRJ. Além disso, a nova espécie de dinossauro já foi catalogada.
O local onde o material foi coletado faz parte da unidade geológica Formação Açu, do início do Período Cretáceo. A região fica no ponto de continuidade territorial entre África e América do Sul.
“O Tiamat tem uma afinidade muito grande com os dinossauros da África e da Argentina. Ele é um pivô de transição desse parentesco”, explica o professor Carlos Roberto dos Anjos.