Fortalecimento do povo indígena inspira rapper do interior de SP
O rapper indígena Owerá, de 21 anos, é uma voz importante na luta pela demarcação de terras, além de respeito pela biodiversidade
atualizado
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Ancestralidade, biodiversidade, denúncias, protestos e respeito. Todos esses são elementos fortes e presentes na música do rapper Jeguaka Mirim da Silva, conhecido pelo nome artístico de Owerá, de 21 anos. Com temáticas importantes e quebrando preconceitos, o jovem, que canta a busca pelo fortalecimento dos povos indígenas e usa o rap como instrumento de valorização e denúncia, quer chegar cada vez mais longe com sua música.
Da etnia guarani, Owerá vive na aldeia Krukutu, na região de Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo. Destaque desde a infância, ele ficou conhecido como a criança indígena que abriu a faixa “Demarcação Já” na abertura da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, minutos antes da partida de Brasil e Croácia, na Arena Corinthians.
Respeito aos povos indígenas
Aos 21 anos, Owera está no mundo musical desde os 14. Ao Metrópoles, o rapper disse que sua missão é “levar por meio da música, uma história que não é contada, sobre como foi feito o território brasileiro”. De acordo com ele, é preciso deixar para o público uma mensagem de respeito não só a natureza, de forma geral, mas também da importância do fortalecimento dos povo indígenas.
“O território brasileiro é dos povos indígenas, mas, atualmente, somos obrigados a lutar para viver nessa terra, temos que brigar para que pequenas áreas sejam demarcadas. Ainda há muito preconceito, por isso, canto o respeito e o fortalecimento dos povos indígenas por meio do conhecimento, da cultura e de uma causa que vale para todos, a biodiversidade”, diz ele.
Segundo Owerá, “a verdadeira história sobre o território brasileiro não é contada nem nessa terra [Brasil], nem no mundo”. Para ele, a música é uma forma viável e relevante de relatar essa realidade. “É muito importante divulgar essas vozes, principalmente, com os próprios indígenas, com músicas tradicionais, já que existe uma diversidade muito grande de línguas, músicas, além dos ritmos, que estão chegando com tudo para a juventude, juntamente com a modernidade”, ressalta.
Parcerias
Com um currículo recheado de parcerias estreladas, Owerá já cantou com grandes nomes da música popular brasileira. O jovem já dividiu palco e cena com nomes como Criolo, com quem estrelou o documentário “My Blood Is Red”, e o DJ Alok, parceiro na cerimônia de abertura do festival global Citizen 2021, na Amazônia, e na gravação de um álbum, além do cantor Caetano Veloso.
A letra com Criolo trata da dor de perder um familiar na luta travada pelos indígenas pelo direito à terra.
Sem armas de fogo pra cantar,
só palavras de fogo pra rimar
O coração dói, só quem sabe sente,
na demarcação das terras a morte de um parente
(Trecho de ‘Demarcação Já – Terra Ar Mar’, parceria de Owerá com Criolo)
“Canto para todos ouvirem, canto a minha visão por meio da minha música. Não sei ainda onde vou chegar através dela [a música], mas pretendo mostrar para pessoas que querem ouvir sobre a luta do povo indígena e representar, de forma cada vez mais ampla, a cultura e o respeito a natureza”, diz ele.