Forças Armadas negaram leitos de UTI a civis em hospitais militares
Ao menos cinco governos solicitaram às Forças Armadas que compartilhassem leitos disponíveis, mas pedidos foram rejeitados
atualizado
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No auge da pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 450 mil brasileiros, as Forças Armadas negaram a civis leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis em hospitais militares.
A informação consta em documento enviado pelo Ministério da Defesa à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que apura ações e omissões do governo federal durante a pandemia. O texto é assinado pelo ministro general Walter Braga Netto.
Ao menos cinco secretarias pediram apoio dos miliares, mas nenhuma delas foi atendida. O número, no entanto, pode ser maior, uma vez que se trata de uma apuração parcial e a pasta informou estar levantando outras solicitações eventualmente recebidas.
O apoio foi negado aos governos do Amazonas, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, além da Prefeitura de Xanxerê, em Santa Catarina.
No caso do Amazonas, a solicitação foi feita ao Hospital Militar da Área de Manaus nos primeiros dias de janeiro. Na ocasião, o estado sofria com a crescente taxa de hospitalizações e a conseguinte falta de leitos de UTI para internar pacientes com a Covid-19. Também chegou a faltar oxigênio.
“Como a demanda do Sistema de Saúde Militar era elevada, a resposta à solicitação foi no sentido da impossibilidade de atender ao fornecimento de leitos”, alegou a Defesa.
A mesma explicação foi dada aos outros quatro governos. Somente no Rio Grande do Sul, no entanto, as Forças Armadas relataram haver, à época do pedido, um aumento vertiginoso que “impactou os hospitais militares, levando-os a uma sobrecarga de atendimento”.
Planilhas enviadas pelo ministério à CPI da Covid em anexo à resposta mostram, porém, que a taxa de ocupação de leitos de UTI, na maioria das hospitais, jamais esteve alta. Os dados são de janeiro a abril deste ano.
No Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, por exemplo, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 foi de 69%, 65%, 92% e 75%, respectivamente, em janeiro, fevereiro, março e abril de 2021.
Por outro lado, conforme registro do Metrópoles, o Distrito Federal chegou a ter, em março, 386 pessoas na fila para uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva. Hoje, segundo dados do sistema InfoSaúde, do GDF, 137 pacientes ainda estão à espera de leitos.