Flordelis: “Se concorrer, vou ter mais votos em 2022 do que em 2018”
Ao Metrópoles, parlamentar disse não acreditar na cassação de seu mandato e garante que entende o motivo de ter sido afastada do PSD
atualizado
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Em 16 de junho de 2019, o corpo do pastor Anderson do Carmo foi encontrado pela sua família na garagem de casa, em Niterói (RJ), morto com mais de 30 tiros. Desde então, o assassinato virou uma enorme – e confusa – trama, que mistura política, religião e sexo. O que não falta, nesta novela da vida real, são suspeitos, que vão da esposa de Anderson do Carmo, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), a vários filhos, biológicos e adotados, do casal.
Ao Metrópoles, Flordelis, hoje uma das rés pelo assassinato do pastor, apontada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como mandante do crime, voltou a afirmar que não foi a responsável pela morte do marido, disse não acreditar que terá seu mandato cassado e chegou a prever que, caso entre na disputa para a reeleição em 2022, terá “ainda mais votos do que em 2018”.
“Eu acredito nas pessoas. E eu acredito que eu vou ganhar sim [nas eleições de 2022], e com muitos mais votos do que tive antes. Pois existem muitas pessoas que não são conduzidas pela mídia. Quem me fez deputada federal foi Deus, e quem está me dando forças para continuar é Deus. E eu serei eleita. Estão tentando que eu não venha [candidata], porque, se eu vier, terei muitos mais votos do que tive”, garante.
Em entrevista ao jornalista Tácio Lorran, Flordelis abriu o coração e, com a voz embargada, afirmou que, mesmo afastada do Partido Social Democrático (PSD), recebe apoio dos colegas de sigla. A parlamentar disse não acreditar na cassação de seu mandato e garante que entende o motivo de ter sido afastada da legenda:
“O PSD não está esperando minha condenação, o PSD está acompanhando os fatos. E eu só fui afastada pois estávamos em um ano político e, infelizmente, a minha história estava prejudicando outros candidatos do meu partido. Mas eu nunca perdi o apoio do meu partido, isso é uma mentira. O meu líder, André de Paula, sempre foi meu amigo, quando voltei ao parlamento fui abraçada pelos meus amigos do PSD. Houve apenas um afastamento. E se eu vier, não sei se será pelo PSD, mas entendo, posso não aceitar, mas entendo o meu afastamento”.
Assista:
Flordelis, que faz uso de tornozeleira eletrônica e está proibida de sair de casa entre as 23h e as 6h por ordem da Justiça, não pode ser presa por conta de sua imunidade parlamentar – somente flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão para políticos com mandato. Entretanto, sete filhos do casal estão presos: Adriano, André, Carlos, Marzy, Simone, Flávio e Lucas.
A parlamentar afirmou que Simone e Marzy tinham motivações para matar Anderson do Carmo, já que ela acredita nas acusações de que o pastor abusava sexualmente de ambas. Em um trecho forte da entrevista, Flordelis revelou que o pastor ejaculou em Simone enquanto ela estava debilitada pelo tratamento de um câncer.
A parlamentar ainda revelou que uma neta afirmou que não consegue ter contato com outro homem devido aos abusos cometidos pelo avô, pois sente o “cheiro dele”.
“Está sendo muito duro saber dessas coisas, porque, depois de Deus, ele [Anderson do Carmo] é a pessoa que eu mais amei nessa vida. A pessoa que mais confiei na minha vida, entreguei minha vida nas mãos dele, por amor. Saber disso [dos abusos] colocou nos meus ombros uma culpa que vou carregar para o resto da vida, por não ter enxergado essas coisas que aconteciam dentro da minha própria casa. Eu fiquei sabendo apenas nas audiências. Minha filha confessou, e eu busquei saber algumas verdades, porque no início achei que ela fazia isso para me proteger, para me tirar dessa situação, mas infelizmente não foi isso aconteceu, e não foi só com ela”, alega.
Testemunhas do assassinato
Quanto à testemunha Regiane Rabelo, que depôs contra Flordelis e garantiu que ela chamava a filha de 14 anos de “lixo”, o que teria causado a automutilação da menina, a parlamentar afirmou que pretende processar Regiane pelas “mentiras” que ela inventou de sua família. Flordelis negou que tenha xingado a filha e disse que espera por provas da bomba caseira jogada na casa da testemunha, assim como alegou em depoimento à polícia.
“Pretendo [processar] sim. Eu quero saber da bomba que ela diz que foi jogada na casa dela. Cadê as provas, que até agora não foram apresentadas? Cadê o buraco da bomba? Foi para matar? Para destruir? Por causa dessa mentira eu carrego uma tornozeleira eletrônica até hoje. A minha perna esquerda está marcada até hoje, sinto dor na perna esquerda, tenho que tomar remédio. Vou carregar a marca para o resto da minha vida por causa de uma mentira que ela criou”, disse a deputada, aos prantos.
Emocionada, a cantora também afirmou que só será feliz novamente quando “a justiça for feita”, e voltou a afirmar que não foi responsável pela morte do marido. Flordelis fez questão de falar dos momentos bons que viveu ao lado de Anderson, e garantiu que ele a tratava com amor, carinho e admiração, e a “blindava” de uma série de coisas ruins.
“Meu marido era um homem que eu amava e admirava, era uma pessoa que me tratava muito bem. Me protegia, me blindava, me tratava como uma joia rara”, relata.
Assista ao Metrópoles Entrevista com Tácio Lorran: