Flamengo: contrato com empresa de contêineres não previa manutenção
Diretor do Clube disse que recebia os contêineres prontos da empresa NHJ, inclusive com as instalações elétricas e hidráulicas
atualizado
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O diretor financeiro do Flamengo, Márcio Garotti, revelou, em depoimento prestado na sexta-feira (15/2), na 42ª Delegacia de Polícia (Recreio), na zona oeste do Rio de Janeiro, que não cabia ao clube fazer a manutenção dos contêineres onde foram instalados o alojamento dos atletas de base. O depoimento faz parte das investigações em curso sobre o incêndio que deixou 10 jovens atletas mortos e três feridos no alojamento do Centro de Treinamento, o Ninho do Urubu, no último dia 8.
Segundo Garotti, o clube recebia os contêineres prontos da empresa Novo Horizonte Jacarepaguá (NHJ do Brasil). “Inclusive com as instalações elétricas e hidráulicas”, disse, segundo reportagem do Fantástico neste domingo. O diretor afirmou, ainda, que o contrato com a NHJ não autorizava que a própria equipe do Flamengo pudesse fazer qualquer tipo de reparo no alojamento, mesmo que seja emergencial.
Ao deixar o local, Garotti foi indagado por jornalistas se havia informações sobre qualquer “gambiarra” na instalação do ar-condicionado do alojamento. “Não que tenha o nosso conhecimento”, disse o diretor financeiro do clube. A principal suspeita da causa do incêndio é um curto-circuito no equipamento.
A polícia também ouviu a representante da empresa Novo Horizonte Jacarepaguá (NHJ do Brasil), Cláudia Pereira Rodrigues. Segundo ela, há serviço de manutenção das partes elétrica, hidráulica e estrutural dos módulos dos contêineres, mas é cobrado e tem que ser provocado pelo cliente. O contrato não prevê serviços de fiscalização ou manutenção periódica e preventiva nos módulos entregues.
Estacionamento
Ainda segundo a reportagem do Fantástico, a representante da NHJ informou que os contêineres não foram entregues com detector de fumaça porque isso depende do destino que o cliente dará a eles. A companhia fabricou os contêineres em que foi instalado o alojamento. O local, conforme foi divulgado posteriormente, tinha autorização para funcionar como estacionamento.
O Fantástico também teve acesso a depoimentos de alguns funcionários do CT do Flamengo. Maria Cícera de Barros, funcionária da lavanderia, disse que às 5h da manhã do dia 8 viu um dos meninos dizendo que precisava achar o monitor Vinícius, “porque o ar-condicionado estava pegando fogo”.
Marcus Vinícius Medeiros é o monitor dos atletas das categorias de base. Segundo testemunhas, ele não estava no alojamento na hora do incêndio.