Fiocruz reduz em 10 milhões projeção de entrega de vacinas
Fundação entregará 100 milhões de doses, em vez de 110 milhões, no segundo semestre
atualizado
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou, na manhã desta quarta-feira (2/6), que a projeção de 110 milhões de doses produzidas com insumo nacional, previstas para o segundo semestre, não será alcançada. A nova previsão é de 100 milhões de unidades: 50 milhões produzidas com IFA brasileiro, e a outra metade com IFA importado.
“Estão mantidos os 100 milhões de doses do contrato inicial. Nós sempre trabalhamos com diversas estratégias, com diversas alternativas para manter as entregas ao Ministério da Saúde. A gente tá trabalhando com um processo muito desconhecido. Neste momento, a gente está prevendo entregar com o IFA nacional algo em torno de 50 milhões de doses e outros 50 milhões de doses viriam de IFA importado”, disse Maurício Zuma, diretor do laboratório de Bio-Manguinhos.
A Fiocruz recebeu nesta quarta os bancos de células e de vírus para produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional. O insumo é necessário para fabricação de vacinas contra a Covid-19. Com o IFA brasileiro, a Fiocruz não precisará importar matéria-prima da China para envasar os imunizantes.
De acordo com Zuma, a administração da matéria-prima é um processo instável. Por isso, mudanças nos cronogramas de entrega podem ocorrer. No entanto, a previsão do laboratório é de que as primeiras doses feitas com IFA nacional sejam entregues em outubro.
Ele também disse que a estimativa de 110 milhões de doses foi feita antes da vacina ser aprovada. “A realidade, hoje, é que Bio-Manguinhos tem uma capacidade de produção acima do IFA que nós estamos recebendo. O que temos com segurança? 100 milhões de doses para o segundo semestre. Poderá haver gap? Sim. Mas estamos trabalhando para não ter”, afirma.
Até o momento, a fundação já enviou 47,6 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunização (PNI), incluindo 4 milhões de vacinas prontas do Instituto Serum, na Índia.
“Com o IFA já em estoque no Instituto, estão garantidas outras 12 milhões de doses, além de cerca de 6,5 milhões de doses já produzidas que estão em diferentes estágios de controle de qualidade. Com isso, a Fiocruz tem entregas semanais garantidas até 3 de julho”, informou o laboratório.
Produção
A fabricação do IFA nacional começa ainda neste mês de junho, e ocorrerá no Instituto de Tecnologia em Imunibiológicos, o laboratório Bio-Manguinhos. Segundo a Fiocruz, “o banco de células foi enviado em nitrogênio líquido, mantido a uma temperatura de aproximadamente -150ºC, e o banco de vírus em gelo seco, a cerca de -80ºC”.
Após o processo de descongelamento, os insumos passarão por uma série de etapas de produção. Segundo a Fiocruz, as fases são: expansão celular, biorreação, rompimento celular e tratamento enzimático, clarificação, purificação, concentração e condicionamento, formulação do IFA, filtração final, congelamento e controle de qualidade do IFA
Após todas as etapas, o laboratório enviará documentações à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a concessão de registro da vacina fabricada com IFA nacional.
Assinatura de contrato
A Fiocruz assinou, na terça-feira (1º/6), o contrato de transferência de tecnologia com a farmacêutica AstraZeneca. O termo foi assinado durante cerimônia no Ministério da Saúde. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participaram do evento.