Fiocruz perdeu R$ 2,5 mi para alugar avião que traria vacina ao Brasil
Viagem que buscaria as primeiras doses de vacina ao país foi cancelada pelo fabricante indiano dos imunizantes Oxford/AstraZeneca
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O fracasso da viagem para buscar vacinas na Índia, em janeiro deste ano, custou à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o desfalque de R$ 2,5 milhões (US$ 500 mil), afirma reportagem deste sábado (29/5) do jornal Folha de São Paulo. O valor é referente a contratação da aeronave que traria as primeiras 2 milhões de doses do imunizante Oxford/AstraZeneca contra a Covid para o Brasil.
A viagem foi cancelada pela fabricante Serum Institute of India. Na ocasião, a operação para buscar a vacina já estava montada. O governo federal tentou intervir, por meio dos ministérios da Saúde e das Relações Exteriores, mas não teve sucesso.
Diante da impossibilidade de buscar o imunizante, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a dizer que o fracasso da missão tinha acontecido devido ao fuso horário que dificultou os trâmites diplomáticos.
Nem mesmo uma carta enviada pelo presidente Jair Bolsonaro ao premiê Narendra Modi, em 8 de janeiro, pedindo urgência na liberação da carga, resolveu a situação.
O valor desperdiçado pela Fiocruz daria para comprar 90 mil doses prontas da vacina Oxford/AstraZeneca, que custa US$ 5,25 a unidade, cerca de R$27,40.
À Folha de S. Paulo, a Fiocruz afirmou que a contratação foi solicitada pelo Ministério da Saúde e viabilizada através da Fiotec – instituto de pesquisas da fundação -, que usou recursos públicos para o pagamento.
A fundação explicou que é prática do mercado, neste tipo de contratação, o pagamento com antecedência. “Todos os contratos de fretamento no mercado estabelecem pagamento adiantado e reserva prévia, sem possibilidade de reembolso. Portanto, o valor investido nessa operação, de US$ 500 mil, não pode ser recuperado”, informa a instituição.
Ação extinta
Além do voo fretado pela Fiocruz, o Ministério da Saúde também havia contratado um avião da companhia Azul. A aeronave chegou a ser adesivada e exibida pelo governo em redes sociais. Com a impossibilidade da viagem, na ocasião, o governo anunciou que utilizaria o avião para distribuição de cilindros de oxigênio.
O contrato com a Azul acabou culminando em uma ação popular que questionava a operação e apontava dano ao erário. O juiz Marcelo Gentil Monteiro, da 1ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, extinguiu a ação a pedido da Advocacia Geral da União (AGU). Contudo, ainda cabe recurso, tanto do autor quanto do Ministério Público.