Fiocruz: mais da metade dos yanomamis vive em risco de saúde
Estudo analisou modificações dentro do território yanomami, onde indígenas enfrentam grave emergência de saúde
atualizado
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Dentro da Terra Indígena Yanomami, 62% das comunidades estão muito próximas (a menos de cinco quilômetros) a áreas florestais alteradas por não indígenas. Os dados foram analisados por pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A proximidade com as alterações feitas no território coloca cerca de 17 mil indígenas yanomamis em situação de risco imediato, alerta o estudo. “A degradação ambiental e o mau uso do solo causados pelo garimpo se relacionam diretamente com o aumento dos problemas de saúde dos indígenas nos últimos anos”, destaca a Fiocruz.
Entre as ameaças detectadas pelos pesquisadores, está a contaminação de rios na região. Entre os 25 mil km de vias fluviais identificados, em cerca de 2 mil km há indígenas vivendo perto das margens, e 53% desses rios são potencialmente contaminados, o que afetaria 12 mil indígenas.
O grupo de trabalho (GT) Geo-Yanomami cruzou bases de dados e imagens aéreas para acompanhar a progressão dos riscos à saúde da população yanomami.
As queimadas compõem o maior motivo de alterações no território entre 2017 e 2022: foram 191 regiões afetadas identificadas, o que corresponde a 708 km² atingidos. Em segundo lugar vem o desmatamento, com 151 alterações registradas, correspondentes a 10 km² modificados.
O garimpo ilegal aparece em seguida, com 145 alterações identificadas, em pouco mais de 9 km² atingidos. O estudo também observou o aumento de mais de 100 pistas de pouso na região: ao menos 38 são clandestinas. As pistas estão concentradas no norte do território, onde se registra maior extração de ouro.