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Fiocruz: cerca de 74% dos estados estão com ocupação crítica de UTIs

Pesquisadores alertam para o fato de o país estar diante de um momento crucial, com riscos reais de agravamento da pandemia de Covid-19

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Divulgação/SES-PB
Leitos UTI
1 de 1 Leitos UTI - Foto: Divulgação/SES-PB

O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira (4/6), constatou que todos os estados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste, e a maior parte da Região Sudeste (com exceção do Espírito Santo) – cerca de 74% –, estão com a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em níveis críticos ou mesmo extremamente críticos (80%).

O estudo informa ainda que dezessete capitais também se encontram em níveis críticos ou extremamente críticos. “O sistema de saúde está sobrecarregado, com capacidade de resposta comprometida para o atendimento a esses casos, assim como para outras demandas represadas”, diz o boletim.

Considerando que as taxas de ocupação de leitos UTI constituem a “ponta do iceberg” e que o Brasil ainda não alcançou uma queda sustentada de casos e óbitos, os pesquisadores alertam para o fato de o país estar diante de um momento crítico, com riscos reais de agravamento da pandemia nas próximas semanas.

Morte materna

A Covid-19 e a mortalidade materna é outro destaque da edição. As gestantes e puérperas vêm despontado como um grupo de grande preocupação, diante da evolução da morte materna a níveis extremamente elevados. O Brasil figura com o maior número de óbitos e uma assustadora taxa de letalidade de 7,2%, ou seja, mais que o dobro da atual taxa de letalidade do país, que é de 2,8%.

Um estudo sobre a pandemia nas Américas, publicado em meados de maio de 2021 pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), verificou que entre janeiro e abril deste ano houve um aumento relevante de casos em gestantes e puérperas, e de óbitos maternos por Covid-19, em 12 países.

Os especialistas alertam ainda que as gestantes podem evoluir para formas graves da Covid-19, com descompensação respiratória. Em especial, aquelas que estão em torno de 32 ou 33 semanas de gestação. Em muitos casos, há necessidade de antecipar o parto.

Esse quadro aumenta a preocupação em relação à disponibilidade de leitos de UTI adulto para essas mulheres e de leitos de UTI neonatal para os recém-nascidos, que podem ser inclusive prematuros. Os pesquisadores alertam que ambos precisam de cuidados especializados e imediatos.

A partir de meados de 2020, começaram a ser publicados artigos sobre a morte de gestantes e puérperas por Covid-19 no Brasil, alertando para a necessidade de preparação e organização da toda a rede de atenção em saúde.

De acordo como Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), os óbitos maternos em 2021 já superaram o número notificado em 2020. No ano de 2020, foram 544 óbitos em gestantes e puérperas por Covid-19 no país, com média semanal de 12,1 óbitos, considerando que a pandemia se estendeu por 45 semanas epidemiológicas nesse ano.

Até 26 de maio de 2021, transcorridas 20 semanas epidemiológicas, foram registrados 911 óbitos, com média semanal de 47,9 óbitos, denotando um aumento preocupante.

Incidência e mortalidade

O Observatório Covid-19 Fiocruz chama a atenção que, diante da proximidade do inverno, o atual cenário da pandemia pode se exacerbar, com o surgimento de casos mais graves de Covid-19 e maior ocorrência de outras doenças respiratórias, que também necessitam de leitos hospitalares.

Foi observada uma estabilidade, nas duas últimas semanas epidemiológicas, das taxas de incidência e de mortalidade por Covid-19, confirmando a formação de um platô com altos valores médios diários de casos e óbitos.

A maior parte dos estados apresenta a mesma tendência, o que pode ter como consequência o surgimento de milhares de casos graves que irão necessitar cuidados intensivos.

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