Fim do papel: saiba quando as eleições se tornaram 100% eletrônicas
A transição das cédulas de papel para o voto eletrônico fez do Brasil o primeiro país a ter eleições 100% digitais
atualizado
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Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, é interessante revisitar um marco importante na história das eleições brasileiras: a implementação do sistema de votação eletrônica, que revolucionou a maneira como os brasileiros escolhem seus representantes.
A primeira eleição no Brasil utilizando urnas eletrônicas ocorreu em 1996, durante as eleições municipais.
Naquele ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu testar a nova tecnologia em 57 cidades de médio e grande porte, alcançando cerca de 32 milhões de eleitores, ou cerca de um terço do eleitorado.
Esse teste foi fundamental para avaliar a eficácia e a aceitação do sistema pela população e pelos técnicos responsáveis. A introdução das urnas eletrônicas foi uma resposta às fraudes e manipulações que ocorriam nas eleições em papel.
O voto manual estava sujeito a diversas irregularidades, como a falsificação de cédulas e a adulteração de resultados durante a contagem, o que minava a confiança dos eleitores no sistema democrático.
Eleições 100% eletrônicas
Diante do sucesso do teste em 1996, o TSE ampliou o uso das urnas eletrônicas nas eleições gerais de 1998. Naquela ocasião, mais de 60% do eleitorado utilizou o novo sistema, abrangendo eleitores de diversas regiões do país.
A ampliação mostrou que o sistema era viável em larga escala, o que preparou o terreno para sua adoção total.
Foi em 2000, nas eleições municipais, que o Brasil realizou sua primeira eleição totalmente eletrônica. Todos os municípios, desde os menores até as capitais, utilizaram urnas eletrônicas para registrar os votos.
Este marco fez do Brasil o primeiro país no mundo a realizar uma eleição nacional inteiramente por meio eletrônico, um feito que destacou o país como líder global em inovação eleitoral.
As vantagens da votação eletrônica
A implementação das urnas eletrônicas trouxe uma série de benefícios. A apuração dos votos, que anteriormente podia levar dias ou até semanas, passou a ser realizada em poucas horas, permitindo que os resultados fossem divulgados na mesma data do pleito.
Isso não só agilizou o processo, mas também reduziu as possibilidades de interferência humana na contagem, minimizando as chances de fraude.
Além disso, o sistema eletrônico facilitou o voto de pessoas com deficiência, que podem utilizar dispositivos adaptados para votar de forma autônoma.
A urna eletrônica também contribuiu para a redução do número de votos nulos e brancos, já que o sistema orienta o eleitor durante o processo de votação, diminuindo o risco de erros.
Melhorias ao longo do tempo
Desde sua introdução, o sistema de votação eletrônica brasileiro passou por diversas melhorias. Em 2008, o TSE introduziu o sistema de identificação biométrica, que autentica o eleitor por meio de suas impressões digitais.
Isso adicionou uma camada extra de segurança, garantindo que cada eleitor possa votar apenas uma vez.
O processo de auditoria das urnas também foi aperfeiçoado ao longo dos anos. Testes públicos de segurança, realizados antes das eleições, permitem que especialistas tentem identificar vulnerabilidades no sistema.
Essas iniciativas visam assegurar que a integridade do voto seja mantida e que eventuais problemas sejam corrigidos a tempo.
O TSE também desenvolveu mecanismos para permitir a verificação independente dos resultados, como o Boletim de Urna, que é impresso após o encerramento da votação e afixado nos locais de votação para que qualquer cidadão possa conferir os números apurados.