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Fim das lives? Janones tenta convencer Lula a manter prática de Bolsonaro

Bolsonaro adotou clima bélico com a imprensa tradicional e priorizou comunicação direta. Com Lula, formato tende a mudar

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1 de 1 foto colorida de Lula anunciandoministros - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Figura marcante na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal André Janones (Avante) tenta convencer o futuro chefe do Executivo federal a adotar tática de comunicação semelhante à do  presidente não reeleito Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevistas, Janones afirmou que Lula deve manter a comunicação direta com a população, prática comum de Bolsonaro. O atual mandatário esteve presente nas ruas, internet, e com suas tradicionais lives nas redes sociais – que só foram interrompidas após a derrota nas urnas.

Bolsonaro, além de postar muito em seus perfis nas redes, tinha um encontro semanal, às quintas, com o intuito de apresentar ao eleitorado as ações do governo federal, além de comentários dos mais diversos assuntos e anúncios de novas medidas. O espaço também servia para que o mandatário do país fizesse críticas abertas à imprensa e a outros Poderes.

Inicialmente, a estratégia das lives não parecia estar nos planos de Lula. Político mais protocolar, Lula teve diversos embates com a mídia tradicional ao longo de seus dois mandatos e – principalmente – após deixar o poder, quando reclamou muito da cobertura da operação Lava Jato que considerava acrítica.

Apesar disso, nunca deixou de se comunicar com a população por meio de jornais, portais de notícias e TVs – costume que está mantendo ao longo da transição de governo, tendo concedido algumas entrevistas coletivas na estrutura montada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

A expectativa mudou na última semana, no entanto, quando Janones disse que Lula pretende, sim, fazer transmissões nas redes sociais.

“Estive com o presidente na semana passada e ele me disse que vai fazer lives, semanalmente. Disse que vai fazer valer cada live que realizamos juntos e que manterá essa comunicação direta com as pessoas”, afirmou Janones ao O Globo.

Além da imprensa e das redes, Lula deverá usar a estrutura institucional para se comunicar, com discursos transmitidos pela TV Brasil e, quando a mensagem for mais relevante, o uso de pronunciamentos com transmissão obrigatória pelas redes de rádio e TV abertas.

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Lula anuncia ministros em entrevista
"Eu, no fundo, no fundo, já tenho 80% do ministério na cabeça", disse Lula
Gleisi Hoffmann e Lula em coletiva de imprensa
Bolsonaro em live
No final, lives viraram eventos de campanha
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No final, lives viraram eventos de campanha

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Presidente levava autoridades e apoiadores para as lives

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Lives de Bolsonaro

Na maioria das transmissões que fez ao longe de seu mandato, o presidente Bolsonaro convidava alguma autoridade do governo ou mesmo apoiadores para falar com seu público virtual. A primeira live no formato que se popularizou ocorreu em 7 de março de 2019 e foi fruto de um conselho do escritor Olavo de Carvalho (morto em 2021), que também era um grande crítico da mídia tradicional.

Foram raras as vezes em que Bolsonaro não teve o encontro informal com seus apoiadores. Ao todo, o presidente realizou 191 lives semanais ao longo de seu mandato à frente do Executivo federal. Nem todas seguem no ar, no entanto, porque as plataformas de redes sociais puniram o presidente por seu negacionismo ao longo da pandemia de coronavírus, quando atacava medidas de isolamento social e uso de máscaras, além de promover o uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19.

No período da campanha, o tom das transmissões ficou tão eleitoral que a Justiça proibiu o presidente de usar a estrutura pública para realizar os eventos virtuais.

Neste ano, após fracassar na missão de se reeleger, o mandatário do país abandonou as transmissões. Por semanas consecutivas, Bolsonaro não promoveu lives (e nem falou por outros meios). Foi a primeira vez que o presidente deixou as agendas com apoiadores em 2022. Nos anos anteriores, ele interrompeu a prática em apenas três ocasiões.

A primeira foi em 24 de outubro de 2019, quando a live não foi realizada “por questões logísticas da agenda internacional”, já que o presidente estava na China, num fuso de 11 horas à frente do horário de Brasília.

Na segunda ocasião, em janeiro de 2020, Bolsonaro teve de cancelar a transmissão ao vivo por motivos de saúde. Na noite daquela quinta-feira, ele deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília.

Em outra oportunidade, em 15 de setembro do ano passado, o presidente foi orientado a cancelar a live semanal após ter sido internado com uma obstrução intestinal.

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