Filho do fundador das Casas Bahia é acusado de estupro por 14 mulheres
Defesa de Saul Klein diz que acusações são uma tentativa de extorsão de uma empresa de “sugar babies”. Ele também é acusado de aliciamento
atualizado
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Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein (1923-2014), entregou o passaporte à Justiça e está proibido de ter contato com 14 mulheres que o acusam de aliciá-las e estuprá-las em festas em sua casa, localizada em Alphaville (SP), desde 2008.
Segundo a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, as medidas são precauções solicitadas pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) para o andamento da investigação das denúncias, que estão mantidas em segredo de Justiça em um inquérito policial aberto na Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri.
Em julho, a polícia arquivou um outro inquérito com alegações semelhantes e que apurava exploração sexual de uma menor de idade por parte de Klein.
À reportagem, a defesa do empresário afirmou que Klein é um sugar daddy, ou seja, um homem que têm fetiche em sustentar financeiramente mulheres jovens em troca de afeto e sexo. O advogado, porém, garante que ele não cometeu os crimes apontados pelas vítimas.
“O sr. Saul Klein vem sendo vítima de um grupo organizado que se uniu com o único objetivo de enriquecer ilicitamente às custas dele, através da realização de ameaças e da apresentação de acusações falsas em âmbito judicial, policial e midiático”, afirma o advogado André Boiani e Azevedo, que representa Klein. “Várias dessas pessoas já conseguiram se aproveitar dele em outras oportunidades, causando-lhe prejuízo milionário, e estavam acostumadas a essa situação. Quando perceberam que esse tempo acabou, passaram a difamá-lo publicamente”, segue Azevedo.
O advogado ainda diz que Klein contratava uma agência que lhe trazia sugar babies, como são conhecidas as mulheres bancadas pelo sugar daddy: “Ele era o ‘daddy’ de todos os ‘daddies’, do qual todas as ‘babies’ gostariam de ser ‘babies’”.
Azevedo aponta que os ataques têm por objetivo chantageá-lo e achacá-lo desde 2019, quando Klein parou de adquirir o serviço da empresa que lhe apresentava as mulheres, por desconfiar que os seus proprietários estavam tentando extorqui-lo.
Vítimas
As 14 vítimas foram ouvidas na Ouvidoria da Mulher do Conselho Nacional do Ministério Público, que encaminhou o conteúdo para o MP-SP. A decisão judicial elenca informações apresentadas pelo MPSP baseadas nos testemunhos das supostas vítimas A. P. F. S., F. D. S. M., M. C. D. C., N. E., T. M. C., I. P.. D. F., B. R. B. D. O., A. L. M. P., J. F. S., P. Z., S. G. D. S., M. D. S M. e L. R. G.
“Segundo constou do requerimento, todas as mulheres acima foram vítimas de aliciamento sexual”, aponta o despacho da Justiça citando informações elencadas pela promotoria. “Eram procuradas por aliciadores em redes sociais e outros canais, informadas falsamente de que havia interesse na contratação delas por parte de uma empresa e conduzidas a uma apresentação, a título de teste, para o requerido Saul”, continua.
O despacho diz ainda que os testes eram feitos em um flat, e as jovens precisavam usar biquínis ou roupa íntima. “Elas eram convencidas de que, se satisfizessem a lascívia do requerido Saul, poderiam ser contratadas para eventos na ‘mansão’ de Alphaville, quando então receberiam de mil a três mil reais, ou numa casa de campo dele em Boituva”.
“Nesses eventos, que podiam contar com 15 a 30 moças, elas tinham que se exibir o tempo todo de biquíni e submeter-se a atividades sexuais com o requerido Saul, inclusive de modo humilhante e a contragosto. Também podiam ter que ingerir droga, permanecer trancadas em um quarto por um dia inteiro e aceitar se submeter a consultas com médicos ginecologista e cirurgião plástico, respectivamente, para cuidar das persistentes e reiteradas doenças sexualmente transmissíveis que as acometia e de outras enfermidades que apresentaram, bem como receber aplicações de botox ou outros tratamentos destinados a prepará-las para as sessões com o requerido Saul.”
O advogado de Klein completa que a relação com as mulheres nem sempre era sexual, mas, quando acontecia, era consensual. Ele afirma que o empresário dava presentes a elas, mas que ele nunca fez pagamentos às suas amantes e não participava desta negociação — quem tratava disso era a agência, que também se responsabilizava por verificar as idades de todas as garotas para que fossem maiores.