Filho de Sérgio Cabral será transferido para o mesmo presídio do pai
Empresário José Cabral se entregou à PF na quinta-feira (24/11), após operação policial que combate esquema de venda ilegal de cigarros
atualizado
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O empresário José Eduardo Neves Cabral, filho do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, será encaminhado para o mesmo presídio em que o pai está preso, o Batalhão Especial Prisional (BEP) da Polícia Militar, em Niterói (RJ). A mudança deve acontecer ainda nesta sexta-feira (25/11) e será realizada pela Polícia Federal.
José Eduardo se apresentou na sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, na quinta-feira (24/11). Ele é um dos alvos da Operação Smoke Free, que investiga uma organização criminosa dedicada à venda ilegal de cigarros.
A audiência de custódia de José Eduardo vai ser realizada às 15h desta sexta-feira, no Presídio Frederico Marques, em Benfica (RJ), onde ele aguarda transferência após passar a noite no local. Questionada sobre o motivo da mudança de presídio, a PM não retornou o contato da reportagem. O BEP recebe policiais militares e também detentos com direito à prisão especial.
Ainda não se sabe se José Eduardo e Cabral vão dividir a mesma cela. O ex-governador passou mal e desmaiou na prisão ao saber da operação policial contra o filho, na quarta-feira (23/11).
Além dele, mais 26 pessoas foram alvo das buscas da operação. Até o momento, 15 pessoas foram presas. Entre elas, estão, pelo menos, um policial federal e sete policiais militares.
Participação em esquema de propina
Segundo a PF, um dos principais papéis desempenhados por Neves Cabral na organização era repassar propinas para funcionários públicos que participavam do grupo. Com a participação do empresário, a quadrilhava falsificava ou deixava de emitir notas fiscais durante a vendas de cigarros que vinham de territórios dominados pelos criminosos. Durante todo o esquema, os criminosos causaram um prejuízo de $ 2 bilhões em impostos para os cofres públicos da União.
A principal relação que o filho de Cabral mantinha no grupo era com o operador financeiro de Adilson Coutinho Oliveira Filho, apontado como o chefe do grupo pela investigação. Adilsinho, como era chamado, é considerado foragido pela polícia porque viajou aos Estados Unidos há dez dias e, por isso, ainda não foi preso. Ele já era alvo da PF e do Ministério Público desde o ano passado na Operação Fumus, também responsável por investigar vendas ilegais de cigarros.
De acordo com os investigadores, a relação dos dois começou em 2021, quando a empresa de eventos ZC Entretenimento, de Neves Cabral, foi contratada para promover uma festa milionária de Adilsinho em um hotel de luxo em Copacabana. Desde então, eles começaram a cooperar no esquema de corrupção investigado.
Benefício de milícias
A Operação Smoke Free é um reflexo dos trabalhos do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele investiga uma organização de criminosos que obrigavam comércios em áreas dominadas por milícias a vender cigarros da marca Clube One, fabricado pela Companhia Sulamericana de Tabacos, na Baixada Fluminense.
A Polícia Federal já apreendeu R$ 400 mil em dinheiro, milhares de cigarros clandestinos, joias, celulares e veículos de luxo durante a operação.