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Filha de vítima da ditadura processa Regina Duarte por apologia ao regime

A motivação do processo foi uma entrevista concedida enquanto secretária de Cultura, em que a atriz comparou o regime à pandemia da Covid-19

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Regina-Duarte-Brasília
1 de 1 Regina-Duarte-Brasília - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A atriz Regina Duarte está sendo processada por apologia à ditadura pela jornalista Lygia Jobim, filha do ex-embaixador José Jobim, morto durante o regime militar.

A motivação é uma entrevista que a atriz concedeu à CNN Brasil enquanto secretária de Cultura, no dia 7 maio. Na ocasião, ela comparou a pandemia do novo coronavírus ao período militar, minimizando o regime. A ação civil tramita no Juízo Substituto da 23ª VF do Rio de Janeiro e tem valor indenizatório de R$ 70 mil.

“Sempre houve tortura, não quero arrastar um cemitério. Mas a humanidade não para de morrer, se você falar de vida, de um lado tem morte. Por que olhar para trás? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões, acho que tem uma morbidez neste momento. A Covid está trazendo uma morbidez insuportável, não tá legal”, disse, Regina, ao veículo.

O documento tem 25 páginas e destaca a fala da ex-secretária de Cultura. No processo, a autora lembra outros trechos da mesma declaração da atriz.

“Eu acho essa coisa de esquerda e direita tão abaixo do patamar da cultura (….) Agora por que eu estou apoiando o governo Bolsonaro? Porque eu acredito que ele era e continua sendo a melhor opção para o país. E aí você diz assim ‘Ah mas ele fez isso, ele fez aquilo’, eu não quero ficar olhando para trás, se eu ficar olhando para o retrovisor, eu vou dar trombada. Posso cair num precipício ali na frente. Tem que olhar para frente, tem que ser construtivo, tem que amar o país. O que eu tenho hoje? Eu tenho isso? É com isso que eu vou lidar. Ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80, gente, ‘vambora’, ‘vambora’ para frente”, continuou Regina, em entrevista, com fala anexada à ação.

Na ocasião, a ex-secretária cantou a marchinha “Pra frente Brasil”, usada durante a copa de 1970 e que se tornou símbolo propagandista do governo militar.

Em entrevista à CNN, Lygia disse que se sentiu “ofendida” pela fala de Regina e que a ex-secretária tentou “minimizar as torturas” com ” com menosprezo e deboche”.

“Não estou ingressando essa ação civil apenas por mim, mas por todas as famílias das vítimas do regime militar. Eu me senti absolutamente indignada e ofendida, ao assistir as declarações de Regina Duarte. Eu não conseguia acreditar que tantos absurdos estavam sendo ditos por uma secretária de Cultura, cujo cargo deveria zelar pelo direito à memória e à verdade deste país. A falta de empatia dela com as vítimas da ditadura e com as do coronavírus é lamentável. Em determinados momentos, ela minimiza as torturas, age com menosprezo e deboche. Esse tipo de discurso tenta demonizar as vítimas”, argumentou, a jornalista.

Ao deixar o governo, Regina publicou artigo no jornal Estado de S. Paulo para tentar explicar as falas e a cantoria da marchinha.

“Nada a ver com defesa da ditadura, como quiseram alguns, mas com o sonho de brasilidade e união que venho defendendo ao longo de toda a minha vida. E me desculpo se, na mesma ocasião, passei a impressão de que teria endossado a tortura, algo inominável e que jamais teria minha anuência, como sabem os que conhecem minha história”, escreveu a atriz.

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Regina Duarte
Regina Duarte e Jair Bolsonaro
Ela fez campanha eleitoral  pelo presidente
Ela assumiu a Secretaria de Cultura mas não durou muito no cargo
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Ela assumiu a Secretaria de Cultura mas não durou muito no cargo

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