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Fila por leitos de UTI Covid no Centro-Oeste está entre as maiores do país, proporcionalmente

Levantamento realizado pelo Metrópoles engloba 17 unidades federativas que fornecem as informações na internet ou responderam à reportagem

atualizado

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Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso estão entre as unidade da Federação com a maior fila de espera para um leito de UTI Covid-19 em relação ao total de leitos existentes. O levantamento inclui 17 UFs que disponibilizam as informações na internet ou responderam aos pedidos de informações do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles.

Na capital do país, eram 390 pessoas aguardando um leito público de UTI, às 15h de terça-feira (30/3), enquanto o espaço total (vagos e ocupados) nas unidades públicas com terapia intensiva é de 565. Assim, a fila de espera é 69%.

Os dados do DF incluem apenas as UTI destinadas exclusivamente para a Covid. Caso sejam somados todos os leitos de UTI, eles chegam a 764. Com esse total, a proporção da fila de espera para o total de vagas passa para 51,04%. Mesmo assim, o DF continua com a maior relação entre a fila e o total de leitos de UTI.

O Secretário Adjunto de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SESDF), Petrus Sanchez, destaca que a capital tem uma situação única por conta da integração com o entorno goiano. Isso pressiona o serviço de saúde do DF, que hoje conta com 102 leitos de UTI judicializados. Ele também apontou que historicamente o DF tem a maior relação de leitos de UTI e população

A reportagem recolheu informações das seguintes unidades federativas: Amazonas (AM), Bahia (BA), Ceará (CE), Distrito Federal (DF), Goiás (GO), Maranhão, Mato Grosso (MT), Minas Gerais (MG), Paraíba (PB), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Rondônia (RO), Roraima (RR), Santa Catarina (SC) e São Paulo (SP).

O segundo lugar também é do Centro-Oeste. Em Goiás, são 350 pessoas esperando por uma vaga na UTI. Ao todo são 745 leitos intensivos, o que leva a uma proporção de 47%. Já no Rio de Janeiro, terceiro colocado na sondagem, a fila é de 694 habitantes para um espaço total de 1.942 (34,7%).

O gráfico a seguir mostra as informações recolhidas para todas as 17 UFs que compõem o levantamento, assim como a fonte da informação:

Das unidades da Federação com informações disponíveis, a que está em melhor situação é o Amazonas. Depois de passar por um colapso no sistema de saúde, quando chegou a faltar oxigênio para pacientes, o governo estadual determinou uma série de medidas restritivas. Hoje, a fila para UTI está zerada, inclusive o estado recebe doentes de outras localidades.

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Paciente internado em Goiânia
Estado de Goiás viveu o colapso do sistema de saúde em março e abril, nas redes pública e privada
UTI para Covid-19 em Senador Canedo (GO)
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Na fase mais crítica da Covid, em Goiás, pacientes em estado grave chegaram a ser intubados nas enfermarias

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Paciente internado em Goiânia

Foto ilustrativa: Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Estado de Goiás viveu o colapso do sistema de saúde em março e abril, nas redes pública e privada

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UTI para Covid-19 em Senador Canedo (GO)

Vinícius Schmidt/Metrópoles
Entorno do DF tem a maior fila de espera em Goiás

A situação no Distrito Federal é pressionada, ainda, pelo contexto vivenciado nas cidades goianas da região do Entorno. Levantamento feito pelo Metrópoles, a partir de dados da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SESGO), mostra que a parte sul do entorno tem a maior quantidade de pessoas na fila de espera por leitos de Covid-19, entre todas as macrorregiões do estado.

Na quinta-feira (25), havia 94 pessoas no aguardo por um leito de UTI ou de enfermaria. Esse número era maior, inclusive, que o total da demanda da região metropolitana de Goiânia (92), que é mais populosa.

O Entorno do DF está em situação considerada de calamidade pelo governo goiano, há mais de um mês. Os primeiros casos de variantes da Covid-19 em Goiás foram registrados na região, e a primeira morte confirmada pela variante de Manaus (P.1.) foi computada.

O caso aconteceu em Águas Lindas, uma das cidades que vive situação crítica. Também fazem parte da região: Cidade Ocidental, Cristalina, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás.

A unidade hospitalar regulada pelo estado e que oferece leitos de UTI fica em Luziânia – na tarde da última sexta-feira (26/3), o local estava com os leitos 100% ocupados, conforme painel eletrônico mantido pela SESGO, que é atualizado em tempo real.

Foi em Luziânia, inclusive, que, por falta de leito de UTI, uma jovem de apenas 20 anos morreu em decorrência da Covid-19. Tauana Francisco do Carmo faleceu na segunda-feira (22/3).

A jovem estava internada na UPA da cidade e aguardava por um leito de terapia intensiva. Ela cursava o quinto período de ciências contábeis e trabalhava como recepcionista em uma distribuidora de bebidas.

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Entorno do DF chegou a ter a maior taxa de contaminação pelo novo coronavírus entre todas as regiões de Goiás
Prefeitos do Entorno buscaram ações conjuntas com o DF, em fevereiro deste ano, para tentar conter o avanço da pandemia
Municípios da região do Entorno do DF chegaram a ficar na área vermelha de contágio do novo coronavírus, considerada nível de calamidade
Situação da região é delicada, devido à interligação que faz entre Goiás e Distrito Federal
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Tauana Francisco do Carmo morreu à espera de vaga em UTI para Covid-19, em Luziânia (GO)

Reprodução/Instagram
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Entorno do DF chegou a ter a maior taxa de contaminação pelo novo coronavírus entre todas as regiões de Goiás

JP Rodrigues/Metrópoles
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Jp Rodrigues/Especial para o Metrópoles
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Prefeitos do Entorno buscaram ações conjuntas com o DF, em fevereiro deste ano, para tentar conter o avanço da pandemia

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Municípios da região do Entorno do DF chegaram a ficar na área vermelha de contágio do novo coronavírus, considerada nível de calamidade

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Situação da região é delicada, devido à interligação que faz entre Goiás e Distrito Federal

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Goiás chegou a ter 384 pessoas na fila de espera por leitos de UTI da Covid-19. Hoje tem oito pessoas

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Profissionais de saúde se preparam para intubar paciente em hospital de Goiânia (GO)

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Profissionais da saúde acompanham evolução de pacientes com Covid-19

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Insumos que compõem o kit intubação, também em falta no Brasil

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Profissional de saúde prepara injeção para aplicar em paciente

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Profissional de saúde prepara seringa contendo fentanil, medicamento utilizado para auxiliar na intubação de pacientes

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Goiás recebeu 48 pacientes do Amazonas e hoje vive o colapso

Diferentemente do cenário do Amazonas, que hoje oferece leitos a outros estados, muitos daqueles que estavam em situação mais confortável em janeiro e ofereceram vagas para atender pacientes de Manaus estão, hoje, em situação de colapso. É o caso de Goiás, que vem mantendo média de mais de 300 pessoas à espera por leitos de UTI, nas últimas semanas.

O estado, que acolheu 48 pacientes do Amazonas, entre janeiro e fevereiro deste ano, já não consegue atender adequadamente a própria demanda. A situação se inverteu. Na terça-feira (23/3), Goiás registrou marca recorde na fila de espera por UTIs da Covid-19: 384 pessoas no aguardo de um leito.

Em cidades do interior, pacientes estão sendo intubados em salas de emergência, pronto-socorro ou em leitos semi-intensivos e improvisados. A espera ultrapassa os 10 dias, em muitos casos, e aumenta o registro de óbitos de pessoas com Covid-19 na fila por uma vaga de UTI.

Em Inhumas, que fica na região metropolitana de Goiânia, durante o período de uma semana, sete de 11 pacientes em estado grave que aguardavam por um leito de UTI na rede pública de saúde morreram. A cidade é um dos locais que passa por momento crítico, com unidades cada vez mais cheias de infectados.

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Leitos semi-intensivos sendo improvisados em unidades de saúde de Inhumas (GO), para tratar pacientes graves de Covid-19 que deveriam estar na UTI
Ministério Público já recorreu à Justiça para tentar garantir a oferta de leitos, mas situação segue se agravando
Numa semana, a fila de espera por UTI era de 11 pessoas. Sete morreram e, uma semana depois, o total de gente na fila já era de 20
"Tragédia nunca antes vista", declarou promotor em petição, sobre superlotação de unidades de saúde em Inhumas no ápice da pandemia do coronavírus em Goiás
Momento da chegada de um dos pacientes amazonenses para tratamento em Goiânia
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Ednaldo José Ferreira, de Inhumas (GO), aguardava por UTI de Covid-19, mas morreu na fila de espera, aos 49 anos

Arquivo Pessoal
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Leitos semi-intensivos sendo improvisados em unidades de saúde de Inhumas (GO), para tratar pacientes graves de Covid-19 que deveriam estar na UTI

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Ministério Público já recorreu à Justiça para tentar garantir a oferta de leitos, mas situação segue se agravando

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Numa semana, a fila de espera por UTI era de 11 pessoas. Sete morreram e, uma semana depois, o total de gente na fila já era de 20

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"Tragédia nunca antes vista", declarou promotor em petição, sobre superlotação de unidades de saúde em Inhumas no ápice da pandemia do coronavírus em Goiás

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Momento da chegada de um dos pacientes amazonenses para tratamento em Goiânia

Ascom/HC UFG
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Daniel Lopes ficou internado no Hospital das Clínicas da UFG, em Goiânia. Ele recebeu alta e voltou para Manaus em 31 de janeiro

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Thiago de Águila foi um dos pacientes de Manaus que ficou internado em Goiás. Ele recebeu alta e já está em casa

Arquivo pessoal
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Último paciente de Manaus internado pela Covid-19 em Goiás deixou o hospital no dia 18 de fevereiro

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Engenheiro elétrico de 51 anos chegou a Goiás com 75% dos pulmões comprometidos

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Valderi Romão ficou 29 dias internado em hospital em Aparecida de Goiânia

Família desistiu e fez “vaquinha” para transferir idosa

Depois de 12 dias de espera, a família da aposentada Antônia Conceição de Lima da Silva, 75 anos, que já estava intubada em um leito improvisado de um hospital municipal em Inhumas (GO), desistiu de aguardar por uma solução da rede pública e apelou para uma “vaquinha”, a fim de transferir a idosa para a rede particular.

A medida foi a última alternativa encontrada pela família, que já estava desesperada ao ver a situação de Antônia. Em estado gravíssimo, a idosa teve de ser internada após complicações de sequelas deixadas pela Covid-19. Letícia Vitória Cavalcante, 20, conta que a avó pegou, ainda, uma infecção hospitalar.

A família encontrou uma vaga de UTI em um hospital de Caldas Novas (GO) e, com o dinheiro da vaquinha em mãos, conseguiu transferi-la no dia 10 de março. Seis dias depois, a idosa não resistiu e faleceu. “Se a gente deixasse do jeito que estava, ela morreria lá esperando. Achamos, hoje, que a longa espera piorou o quadro”, afirma Letícia.

Os custos de transferência foram altos: R$ 7 mil de entrada mais R$ 3 mil de diária. A família fez o que pôde para manter viva aquela que era uma das alegrias da casa. “Ela gostava muito de trabalhar. Todo dia fazia almoço para um batalhão de gente, cuidava das netas, das bisnetas. Tá sendo muito difícil ficar sem ela”, lamenta Letícia.

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A família precisou fazer uma vaquinha para conseguir levá-la para um hospital particular
Antônia e o esposo completariam 50 anos de casados no próximo ano. Ele também teve Covid-19, mas se curou
Neta lamenta perda da avó, que era forte, disposta, mantinha rotina de exercícios e adorava passear pela cidade
Antônia e a família são de Inhumas (GO), cidade que vive colapso do sistema de saúde, assim como as redes pública e privada de todo o estado
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Antônia Conceição, de 75 anos, ficou 12 dias na fila de espera por uma UTI da rede pública em Goiás

Arquivo Pessoal
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A família precisou fazer uma vaquinha para conseguir levá-la para um hospital particular

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Antônia e o esposo completariam 50 anos de casados no próximo ano. Ele também teve Covid-19, mas se curou

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Neta lamenta perda da avó, que era forte, disposta, mantinha rotina de exercícios e adorava passear pela cidade

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Antônia e a família são de Inhumas (GO), cidade que vive colapso do sistema de saúde, assim como as redes pública e privada de todo o estado

Arquivo Pessoal

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