“Ficou duas semanas nas águas podres”, lamenta filha de vítima no RS
José Marison de Barros Costa, 72 anos, está entre as 172 vítimas das enchentes no RS. “Ele achava que não seria tanta água”, contou filha
atualizado
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José Marison de Barros Costa, 72 anos, está entre as 172 vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. A filha do aposentado, que estava desaparecido desde o início de maio, recebeu uma notificação pelo celular avisando que o nome do pai estava na lista de mortos, divulgada pela Defesa Civil Estadual. “Morreu afogado, e ficou duas semanas nas águas podres aguardando ser encontrado”, relatou Daniela Costi ao g1.
Segundo ela, José Marison morreu na rua onde morava, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, após decidir permanecer na residência por acreditar que “a água não iria subir”. A filha relatou que toda a família pediu que ele saísse de casa.
Preocupada com o pai, ela pediu resgate, não atendido de imediato. “O resgate demorou, foram muitos dias depois na casa de meu pai, e relataram que ele não estava mais lá. Então, ou ele estava em um abrigo, ou estava morto”, lamentou.
Na esperança de que o pai tivesse sido resgatado, Daniela fez um boletim de ocorrência de desaparecimento. Porém, após duas semanas de angústia, recebeu a lista de mortos com o nome do pai. “Fizemos o reconhecimento do corpo, e era ele”, contou. De acordo com a filha, o corpo estava em avançado estado de decomposição, e o caixão precisou ficar lacrado.
“Ele foi um pai superincrível, um superavô, muito dedicado, muito amoroso, muito responsável”, homenageou o pai. José era natural do distrito de Camobi, em Santa Maria (RS), e se aposentou depois de ter trabalhado durante 45 anos como servente de obras. Segundo Daniela, ele criou os filhos sozinho, após ser abandonado pela esposa.
Tragédia em Canoas
Com cerca de 44% da população do município prejudicada pelo rastro de destruição causado pelas enchentes que assolam o estado do Rio Grande do Sul há um mês, Canoas está entre as cidades com maior porcentagem da população em domicílios particulares atingidos, atrás apenas de Eldorado do Sul (80,8%) e Muçum (66,3%).
O município, entretanto, lidera o ranking das cidades com mais óbitos confirmados pelo estado. Segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual na manhã de domingo (2/6), Canoas tem 30 mortes confirmadas.