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Festival de chocolate tenta retomar auge do cacau no Brasil após crise

Região que já foi principal produtora de cacau do mundo vai aos poucos retomando esse espaço no mercado mundial e se depara com nova crise

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Fotos coloridas de cacau e chocolate em Ilhéus na Bahia - Metrópoles
1 de 1 Fotos coloridas de cacau e chocolate em Ilhéus na Bahia - Metrópoles - Foto: Crédito: Lucas Andrade

A 38ª edição do Chocolat Festival no mês passado foi um marco na tentativa de retomar a importância do Brasil na produção de cacau, chocolate e outros derivados. Ilhéus (BA), onde o evento aconteceu, chegou a ser a principal exportadora do grão no século passado, mas caiu em derrocada depois da praga vassoura-de-bruxa, com a destruição de fazendas inteiras no início dos anos 1990.

Embora a produção não tenha voltado a ser como no passado – países da África são os principais exportadores mundiais atualmente – produtores de Ilhéus e região têm retomado o plantio de cacau, com exportação, mas também produzindo chocolate.

Se no passado, o sul da Bahia era conhecido pelas plantações gigantescas chefiadas pelos chamados “barões do cacau”, agora o cenário tem sido de agricultura familiar e produtos artesanais.

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Cacau brasileiro já dominou mercado mundial, mas produção caiu drasticamente após praga
Pequenas e médias empresas investem na produção de chocolate na Bahia
Região de Ilhéus (BA) passa por retomada da produção de cacau após crise no começo dos anos 1990
Grãos de cacau secam na fazenda da marca Dengo na Bahia
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Fabricante da Mendoá Chocolates na Bahia

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Cacau brasileiro já dominou mercado mundial, mas produção caiu drasticamente após praga

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Pequenas e médias empresas investem na produção de chocolate na Bahia

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Região de Ilhéus (BA) passa por retomada da produção de cacau após crise no começo dos anos 1990

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Grãos de cacau secam na fazenda da marca Dengo na Bahia

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É o caso da Fazenda Yrerê, que foi comprada bem abaixo do preço na época da crise pelo casal Gerson Marques e Dadá Galdino, e hoje é uma referência na produção de chocolates intensos e no turismo rural.

“O chocolate está na parte do nosso cérebro voltada para os maiores prazeres da vida. As pessoas não vão comer um chocolate só porque faz bem para a saúde, ele precisa ser saboroso”, explica Marques, enquanto orienta turistas em uma degustação dos chocolates da fazenda, produzidos com concentração de cacau acima de 50%.

Nova crise muda cenário

Na segunda vez como convidado no festival, o chef e vice-presidente do Clube Chocolatiers Engagés de Paris (França), Abdel El Baïz, já visitou os principais países produtores de chocolate do mundo. Ele relata que a cadeia produtiva do cacau no Brasil é impressionante, com a valorização do produtor e sem situações de trabalho degradante.

Realidade bastante diferente da que ele viu em países africanos. “Não há direitos trabalhistas”, descreve. No entanto, o grão do cacau brasileiro é avaliado como de pior qualidade e vale menos que o africano no mercado internacional, segundo El Baïz.

Acontece que o setor do cacau está vivendo uma crise mundial neste ano, que atingiu principalmente a produção na África, devido a questões climáticas, com o calor e falta de chuva. Dessa maneira, o valor do grão teve um salto na bolsa de valores.

Se, por um lado, isso representa uma crise para os fabricantes de chocolate, que enfrentam o aumento dos custos da matéria-prima, por outro, beneficia os produtores que cultivam seu próprio cacau e exportam o excedente. Este é o caso dos agricultores de Ilhéus e região, bem como do Pará, onde também ocorrem edições do Chocolat Festival.

“A alta do cacau é muito boa para quem tem cacau, a safra vai ser boa. Agora, não tenho dúvida de que será mais complicado para o pequeno fabricante que precisa comprar cacau. Então, entendo que essa alta beneficia o Brasil, mas que algumas marcas vão ser prejudicadas, parar de produzir. Entendo que esses números vão sofrer uma acomodação e ano que vem vamos ter um cenário mais real”, avalia o empresário Marco Lessa, criador do festival.

O Chocolat Festival, que reuniu mais de 200 expositores e cerca de 350 marcas de chocolate na última edição de Ilhéus, continua a acontecer em diferentes cidades e países. As próximas edições acontecem em Belém do Pará, entre 26 e 29 de setembro; e na cidade de Porto, em Portugal, entre 24 e 27 de outubro. Já entre os dias 6 e 8 de setembro em Bruxelas, na Bélgica, acontece o Brasil Origem Week, evento de produtores brasileiros de origem que inclui o chocolate.

A reportagem viajou até Ilhéus a convite do Chocolat Festival.

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