Festa pelos 90 anos do Cristo Redentor reúne fé e menção à polêmica
Cerimônia marcou o lançamento da Medalha Comemorativa dos 90 Anos do Cristo Redentor e do Bloco Postal Especial em Homenagem ao Monumento
atualizado
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Rio de Janeiro – A Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro foi o palco da celebração dos 90 anos do Cristo Redentor e também do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. O evento na manhã desta terça-feira, (12/10) teve fé, festa e polêmica. O ato contou com a presença de fiéis e peregrinos que, usando máscaras, pagaram suas promessas e renovaram a fé.
Por causa do mau tempo, a celebração mudou de lugar. Nesta manhã, o Morro do Corcovado ficou encoberto e, até as 11h, o aniversariante do dia ainda não tinha aparecido para receber os parabéns dos cariocas. O cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, comparou a neblina e o mau tempo ao período da pandemia, muitas vezes “encoberto”, mas cheio de esperança de dias melhores.
“Aprendemos a olhar para o Redentor muitas vezes coberto de nuvens, mas sabemos que a imagem está ali. Ainda estamos num momento de pandemia, mas com olhar de otimismo por causa da imunização. Assim, as nuvens tenebrosas do ano passado vão diminuindo”, disse o religioso.
Tempesta disse ainda em seu discurso que o momento no Rio é de união e de construção de um novo tempo, de tolerância. “Os braços abertos falam além de toda religião, ideologia, nacionalidade e línguas. Nessa celebração de 90 anos, iremos nos comprometer a ajudar o Brasil, para que cada vez se acolha mais e construa mais pontes”, avalia o cardeal, saudando o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
A menção a Leite lembrou a recente disputa pelo controle da área do Corcovado travada entre o ministério e a igreja. Em setembro, o padre Omar Raposo, reitor do Cristo, chegou a ser barrado por fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) quando chegava para realizar um batizado no santuário.
Ao final da missa, Joaquim Leite fez um discurso: “Venho aqui transmitir a mensagem do presidente da República, para trazer uma solução definitiva para a área do Santuário do Cristo. Com apoio da Mitra, vamos achar essa solução”.
Paes e Castro presentes
A cerimônia marcou o lançamento da Medalha Comemorativa dos 90 Anos do Cristo Redentor e do Bloco Postal Especial em Homenagem ao Monumento do Cristo Redentor. O conjunto de selos tem quatro obras originais do artista brasileiro Oskar Metsavaht.
O prefeito Eduardo Paes e o governador Claudio Castro também comentaram o assunto em seus discursos. Paes reforçou que trabalha para que a área onde está o santuário em meio a Floresta da Tijuca, seja reconhecida como direito da Mitra Diocesana. “O Cristo é uma bússola para a cidade. Representa a cordialidade do povo. Tem um simbolismo muito forte não só para o Rio como para o Brasil”, disse o prefeito, que deixou o evento sem falar com a imprensa.
“Cristo representa a fé e a resiliência que precisamos ter nesse momento de retomada e, se Deus quiser, de fim da Pandemia. É um momento de esperança, reconstrução e de uma nova vida”, completou Castro.
Ao final da missa, fiéis seguiram em procissão para os fundos da Catedral, onde houve festa com bolo de 90 anos do Cristo e apresentações ao vivo. No entorno, estandes organizados pelo Sesc e instituições de caridade atendiam a população, especialmente aqueles em situação de rua.
“Esse é o Cristo solidário e de missão social que queremos celebrar. Que desce o morro do Corcovado para fazer o bem”, ressaltou Padre Omar.