Fernández, da Argentina, pede integração como “política de todos os países”
Em pronunciamento na Cúpula de presidentes da América do Sul, em Brasília, Fernández disse que luta pela democracia não pode ser perdida
atualizado
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, defendeu, durante a Cúpula de presidentes da América do Sul, que a unidade regional seja uma política de “todos os países”. O líder argentino fez coro às palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pediu a conciliação de diferenças ideológicas em prol da integridade regional.
Fernández está em Brasília, nesta terça-feira (30/5), para a reunião de nações sul-americanas em Brasília, em meio a uma crise econômica severa. O chefe da Casa Rosada falou sobre união regional em temas como saúde, infraestrutura, economia e defesa.
“Tentaremos que a unidade regional seja uma política de todos os países. Temos de fazer com que nossas crianças saibam a importância de ser da Unasul [União de Nações Sul-Americanas]. Não nos serviu de nada estar tão divididos, e o mundo nos encontrou divididos no pior momento, a pandemia. Que não volte a nos encontrar desunidos”, declarou.
Especialistas consultados pelo Metrópoles avaliam que Fernández espera conseguir, a partir da integração regional, maior poder de negociação perante o mercado global. Ele quer apoio das demais nações do continente para negociar a dívida interna, em meio à situação econômica turbulenta do país, que se arrasta há pelo menos duas décadas.
A Argentina enfrenta uma grave crise financeira. O dólar, por exemplo, tem registrado recordes em comparação ao peso, moeda argentina. A inflação no país está 104% ao ano, maior percentual em 31 anos.
Em meio às diferenças no continente, o mandatário argentino pediu conciliação de aspectos internos ao declarar que a Unasul “não é um espaço ideológico, é de interesses comuns que devemos aprofundar e desenvolver”. “E aprofundar e desenvolver interesses comuns se trata de resolver interesses para que todos tenhamos a mesma posição frente ao mundo”.
No total, Fernández fará quatro visitas oficiais ao Brasil nos primeiros seis meses de governo Lula. O mandatário argentino veio à posse presidencial, em janeiro, e também esteve em Brasília em 5 de maio, quando foi recebido pelo presidente brasileiro no Palácio da Alvorada.
O chefe da Casa Rosada participará ainda da cúpula de líderes sul-americanos nesta terça (30/5), no Palácio do Itamaraty. Ele também tem uma nova visita oficial a Brasília marcada para 26 de junho, segundo informações confirmadas ao Metrópoles.
Interesse brasileiro
De acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o empenho brasileiro em tirar a Argentina do buraco se explica tanto por razões econômicas quanto políticas. O país é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas de China e EUA. Em 2022, o Brasil teve saldo positivo de US$ 2,2 bilhões na balança comercial com os argentinos.
Além da preocupação econômica, dado que a Argentina é um dos principais parceiros econômicos do Brasil, há interesses políticos na negociação pró-Argentina. O governo entende que interceder pelo vizinho junto ao FMI e a outros organismos internacionais cacifa o Brasil a consolidar, perante o mundo, na posição de líder do continente.