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Ferimentos de menino Henry não são acidentais, dizem peritos

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam que lesões graves só poderiam ter sido provocadas com força intensa, como por socos ou pontapé

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Foto de arquivo do menino Henry, morto misteriosamente
1 de 1 Foto de arquivo do menino Henry, morto misteriosamente - Foto: Reprodução/Redes sociais

Rio de Janeiro – Especialistas garantem: dificilmente o pequeno Henry Borel Medeiros morreu vítima de um acidente doméstico corriqueiro, como a queda de uma cama sem que houvesse impulso ou como se tivesse sido empurrado ou arremessado contra o solo. É esse ato, o de projetar o corpo contra um alvo fixo, uma superfície, com lesões provocadas por ação contundente, que está descrito no laudo cadavérico produzido pelo Instituto Médico Legal (IML).

De acordo com o perito Nelson Massini, “contundente é aquilo que pode ser usado como superfície. O contrário de perfurante ou cortante. No contundente, as lesões não são necessariamente abertas, como um corte ou um furo à bala”, explica o especialista, que classificou como “graves e violentas” as marcas e características dos ferimentos identificados no menino.

Para Massini, o mais provável é que a criança tenha recebido golpes, como socos e pontapés, sido atingida por instrumentos contundentes, como porretes ou tábuas, ou arremessada contra uma parede ou o chão.

“Ele tem traumas. Muitos traumas, revelados externamente por suas equimoses [marcas roxas, produzidas nas pancadas]. E, por dentro, havia hemorragias provocadas pelas contusões, como o fígado e o rim estourados. Ele tem, ainda, lesões de cabeça, que geraram edemas, além de lesões pulmonares. Dificilmente isso foi um acidente doméstico. Cair da cama, o cara bate a cabeça ou quebra um braço. Mas não tem essa quantidade de lesões fechadas, com hemorragias internas. E as lesões fechadas indicam o uso de instrumento, ou arma natural, como socos e chutes”, completou.

O também perito legista Talvane de Moraes concorda com o colega de profissão e reitera que as marcas e os danos nos órgãos internos da criança revelam algo além de um simples acidente doméstico. “Ferimentos por ações contundentes são resultado de objetos que agem sobre o organismo utilizando força intensa. Acho pouco provável que, neste caso, tenha sido algum acidente doméstico, como a queda de uma cama. As lesões de fígado, rim, pulmão e cérebro foram provocadas por força muito potente, como socos e pontapés, ou por um empurrão contra alvo fixo”, esclareceu.

O caso segue sendo apurado pela 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o pai do menino Henry Borel Medeiros contou que “ouvia por diversas vezes do filho que ele não queria voltar para casa e preferia ficar com ele ou a avó materna”. Leniel disse que há cerca de um mês, a criança, de apenas 4 anos,  falou que o padrasto – o médico e vereador do Rio Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade) – o abraçava  “muito apertado” e que o menino não gostava.

Ao ser procurado pela reportagem, Leniel Borel mandou uma mensagem: “Está sendo muito difícil”.

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Polícia do Rio investiga a morte de Henry Borel
Henry chegou ao hospital com diversas marcas de agressão
Henry Borel e o pai, Leniel Borel
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Vereadores fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Henry Borel

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Polícia do Rio investiga a morte de Henry Borel

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Henry chegou ao hospital com diversas marcas de agressão

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Henry Borel e o pai, Leniel Borel

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Entenda o caso

O menino Henry Borel Medeiros morreu no último dia 8 de março, em um hospital da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo Leniel Borel, ele e o filho passaram um fim de semana normal. Por volta das 19h do domingo (7/3), o pai o levou de volta para casa, onde morava com a mãe, Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida, e com o médico e vereador do Rio Dr. Jairinho.

Ainda segundo o pai de Henry, por volta das 4h30 de segunda, ele recebeu uma ligação de Monique falando que estava levando o filho para o hospital, porque o menino apresentava dificuldades para respirar.

Ao chegar ao hospital Barra D’Or, Monique e Dr. Jairinho informaram ao pai da criança que eles ouviram um “barulho estranho durante a madrugada e, quando foram até o quarto ver o que estava acontecendo, viram que a criança estava com os olhos virados e com dificuldade de respirar”.

Leniel afirma que viu os médicos tentando reanimar o pequeno Henry, sem sucesso. O menino morreu às 5h42, segundo boletim de ocorrência registrado pelo pai da criança.

Exame de necrópsia

De acordo com o laudo de exame de necrópsia, a causa da morte do menino foi hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente.

“O menino foi entregue saudável. Chama a atenção o pai ser informado de que o problema era respiratório, mas, para nossa surpresa, o laudo mostrou ação contundente que provocou hemorragia no fígado, além de lesões nos rins e no cérebro. O pai ficou estarrecido. É preciso investigação”, afirmou o advogado Leonardo Barreto, que representa Leniel.

Investigações

Como parte da investigação da morte de Henry, agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca) fizeram uma espécie de reconstituição do último dia do menino, no domingo, quando estava em companhia do pai. Eles recolheram imagens de câmeras do circuito interno de um shopping onde o garoto foi a um parquinho, e do condomínio em que Leniel Borel morava.

Segundo os investigadores, o menino chegou, aparentemente, saudável aos locais. A polícia também ouviu testemunhas em ambos os lugares.

Na quarta-feira (17/3), Monique e Dr. Jairinho foram ouvidos, separadamente, por cerca de 12 horas na 16ª DP. De acordo com a polícia, a mãe e o namorado só foram ouvidos nove dias depois do crime porque Monique estaria em estado de choque, sob efeito de medicamentos.

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