“Férias remuneradas”, diz Isa Penna sobre punição de Fernando Cury
Articulada por aliados de Fernando Cury, proposta de punição submetida pelo deputado Wellington Moura prevê suspensão de 119 dias
atualizado
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São Paulo – Aliados da deputada estadual Isa Penna (PSol) e parlamentares que defendem a punição do deputado Fernando Cury (Cidadania) ficaram indignados com a proposta vencedora no Conselho de Ética na manhã desta sexta-feira (5/3).
“Estou triste e sentindo a indignação de cada uma de vocês. Votação agora é no plenário! Que pode, inclusive, arquivar o caso”, declarou Isa Penna (PSol).
Cury é acusado pela deputada Isa Penna por importunação sexual. Ele foi flagrado apalpando o corpo da deputada durante plenária da Alesp em dezembro de 2020. A atitude do deputado gerou um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Em voto em separado, o deputado Wellington Moura (Republicanos) propôs suspensão de mandato de 119 dias, sem corte de subsídio (dinheiro) para o gabinete do deputado Fernando Cury.
Favoravelmente a Wellington Moura, votaram os deputados Adalberto Freitas (PSL), Delegado Olim (PP), Alex de Madureira (PSD) e Estevam Galvão (DEM).
“É inadmissível o deputado Wellington Moura oferecer férias de 119 dias para Cury, e um gabinete inteiro em funcionamento sendo pago com dinheiro público! Isso se chama presente por assediar alguém”, afirmou Isa Penna.
“A proposta de 119 dias não é uma punição, é uma licença remunerada. Seis meses, sem subsídio, é o mínimo. Precisamos dar o exemplo à sociedade”, alegou a deputada Erica Malunguinho (PSol).
“O número 119 não é cabalístico, essa proposta é para a suspensão ficar abaixo dos 120 dias que a Constituição do estado preconiza”, criticou Emídio de Souza.
Para a deputada Marina Helou (Rede), a proposta de punição de Wellington Moura não é uma punição – assemelha-se a uma licença e permitirá que o deputado Fernando Cury não seja substituído por suplente e que continue despachando de seu gabinete.
Homens
Um dos deputados que mais declarou descontentamento foi o deputado Barros Munhoz (PSB). Ele disse que a deliberação do Conselho de Ética é vergonhosa e que “mancha a imagem da Assembleia”.
Durante a reunião, Munhoz defendeu a cassação do mandato de Cury. “Deputado Fernando Cury, meu irmão, você não falou a verdade quando disse que não bebeu naquela noite. E, mais, seu gabinete ficou aberto até quatro horas da manhã. Eu voto até pela cassação do mandato.”
Pedido de renúncia no Conselho de Ética
Após a votação, aliados e defesa de Fernando Cury se retiraram da reunião, diminuindo o quórum do encontro e, portanto, impedindo qualquer outra deliberação.
A atitude irritou Barros Munhoz, Emídio de Souza e a presidente do Conselho de Ética, Maria Lúcia Amary (PSDB).
“É um desrespeito, me desrespeitaram como mulher e como parlamentar, assim como desrespeitam esse Conselho”, declarou Amary, que classificou a atitude dos deputados que se ausentaram como deboche.
Barros Munhoz e Emídio de Souza afirmaram que pretendem deixar o Conselho de Ética por conta dos acontecimentos.
Em defesa da família
Internautas que estavam presentes na reunião virtual expressaram descontentamento com discurso de Wellington Moura, que defendeu o deputado Fernando Cury usando um discurso religioso e exibindo fotos do álbum de família de Cury.
O deputado disse que parlamentares deveriam ter misericórdia por Cury, porque ele tem família e assessores de seu gabinete dependem do subsídio financeiro da Alesp.
Veja entrevista feita pelo Metrópoles com a deputada Isa Penna: