Fechado para visitação, Itamaraty frustra milhares de turistas
Palácio onde funciona o Ministério das Relações Exteriores recebeu 16.638 visitantes entre janeiro e setembro de 2019, quando fechou
atualizado
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Um dos pontos turísticos mais populares de Brasília e uma obra de arte por si mesmo, o Palácio do Itamaraty está fechado para visitação pública desde o dia 15 de setembro de 2019 e sem previsão de reabertura – para a frustração de milhares de turistas. Entre janeiro do ano passado e o dia do fechamento, a sede do Ministério das Relações Exteriores recebeu 16.638 pessoas em visitas guiadas.
Desde então, os turistas podem ver somente a área externa do monumento projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1970. Dá para apreciar os arcos da estrutura e um dos jardins desenhados por Roberto Burle Marx para o prédio. Perde-se, porém, outros dois jardins projetados pelo paisagista, um aquático, com plantas amazônicas, e um suspenso, no último andar – além de uma das maiores coleções de obras de arte na capital do Brasil.
A curadoria da decoração do Palácio do Itamaraty foi concebida com a ideia de apresentar a arte brasileira a visitantes estrangeiros. Por isso, só obras de artistas nascidos aqui ou naturalizados decoram o prédio, que recebe quem entra com a icônica escada helicoidal do salão principal, projetada pelo arquiteto Milton Ramos.
O salão do térreo, onde fica a escada em que líderes estrangeiros costumam posar para fotos, não tem colunas no meio, apenas um vão – o maior da América Latina, com 2,8 mil metros quadrados.
Nos demais salões e galerias, estão expostos quadros e esculturas de artistas como Alfredo Volpi, Frans Krajcberg, Maria Martins, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Rubem Valentim, Sérgio de Camargo e Tomie Ohtake.
Um destaque é a escultura Ponto de Encontro, de Mary Vieira, que é interativa. Formada por placas de alumínio presas em um eixo, podem ser movidas pelos visitantes, alterando a forma da obra.
Outro tesouro nacional agora escondido dos olhos dos turistas no Itamaraty é a mesa de jacarandá na qual a princesa imperial Isabel assinou a Lei Áurea, em 1888, acabando com séculos de escravidão no Brasil.
Como eram as visitas
O Itamaraty recebia visitantes sem agendamento, todos os dias, e permitia até a entrada com chinelos e bermudas durante os fins de semana. As visitas eram acompanhadas por guias que explicavam as obras e lembravam momentos históricos ocorridos em cada salão.
Além dos 16.638 visitantes do ano passado, fizeram a visita 24.709 mil pessoas em 2017 e 27.759 em 2018. As visitas eram gratuitas e estrangeiros poderiam pedir intérpretes de inglês, francês e espanhol.
De acordo com o MRE, as visitas foram suspensas porque “a última empresa prestadora do serviço optou por não renovar o contrato”. O órgão informou ainda que “um novo certame está previsto e as visitas serão retomadas tão logo seja possível realizar nova licitação”. Mas não há prazo para que isso aconteça.