Faraó dos Bitcoins é mantido preso, e defesa cita “dias angustiantes”
Ex-garçom teve a manutenção da prisão confirmada pela Justiça, que também vai julgá-lo por tentativa de homicídio contra concorrentes no RJ
atualizado
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Rio de Janeiro – A Justiça Federal decidiu manter preso o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como Faraó dos Bitcoins. Ele é acusado de liderar um esquema de pirâmide financeira com criptomoedas pela empresa GAS Consultoria, localizada em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. A companhia acumula mais de 570 processos na Justiça.
Além disso, o Faraó dos Bitcoins responde pela tentativa de homicídio de um concorrente no ramo das criptomoedas. Em nota, a defesa de Glaidson lamenta a manutenção da prisão de seu cliente.
“Após mais de 3 meses, a Justiça decidiu manter Glaidson Acácio dos Santos detido. Sabemos o quanto esses dias têm sido angustiantes para todos. Por isso, lamentamos profundamente a decisão da Justiça em prorrogar a prisão preventiva. Ainda que os prazos processuais estejam suspensos no período de recesso forense, eventos em caráter de urgência poderão ser apreciados em regime de plantão”, diz o texto direcionado à “Família G.A.S.”.
A defesa também manifestou, na nota, que o fato de “alguém ser investigado, indiciado, denunciado ou mesmo preso em caráter preventivo não significa dizer que aquele indivíduo, de fato, tenha cometido algum crime”, referindo-se ao mandado de prisão expedido pela Justiça contra o Faraó por tentativa de homicídio.
A decisão foi tomada após a denúncia do Ministério Público do Rio, que destaca que Glaidson não temia concorrentes e eliminava rivais. O Faraó é apontado como o mandante da tentativa de homicídio sofrida por Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, em 20 de março deste ano, em Cabo Frio.
Em decorrência dos ferimentos, Nilsinho ficou cego e paraplégico. Ele seria um rival, de uma empresa ligada a bicheiros. “Medo de ninguém”, escreveu o ex-garçom em conversa por aplicativo resgatada pela polícia e que consta de denúncia contra o empresário.
A defesa do ex-garçom, no entanto, considera que as provas que ligam Glaidson ao caso “são recortes frágeis, passíveis de diversas interpretações e insuficientes para sustentar uma denúncia, menos ainda, uma prisão”. “Por isso a defesa redobrará esforços para que toda essa confusão de informações seja esclarecida e que a verdade seja restabelecida”, diz o texto.
Entenda o caso
Preso desde 25 de agosto, Glaidson e mais 16 pessoas são réus por organização criminosa; operação de instituição financeira sem autorização; gestão fraudulenta; e emissão, oferecimento ou negociação irregular de valores mobiliários.
As investigações da PF revelaram que Glaidson movimentou cerca de R$ 38 milhões no esquema criminoso, por meio de pessoas físicas e jurídicas até em outros países, como Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Uruguai, Colômbia, Paraguai e Emirados Árabes Unidos. O valor acabou bloqueado pela Justiça.
Sobre esse processo, a defesa diz ter esperanças de um desfecho favorável: “É importante ressaltar também que o processo que trata sobre desbloqueio de bens e restituição de capital aos clientes da GAS está sendo tratado junto ao MPF e acreditamos que haja um desfecho favorável, embora saibamos que esse tempo não são os advogados de defesa que determinam, pois trata-se de uma ação conjunta e coordenada entre defesa, MPF e magistrado”.