Faraó dos Bitcoins diz viver “pesadelo” e denuncia extorsões em carta
Preso em agosto, o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos é acusado de fraude no mercado de criptomoedas
atualizado
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Rio de Janeiro – Preso desde 25 de agosto, o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como Faraó dos Bitcoins, escreveu uma carta aberta aos clientes publicada nas redes sociais nesta quarta-feira (8/12). No documento, ele alega viver seu “pior pesadelo” e receber visitas de pessoas mal intencionadas, que estariam tentando extorqui-lo em troca de sua liberdade.
Acusado de liderar um esquema de fraude contra o sistema financeiro nacional, ele foi mandado para o banco dos réus pela Justiça Federal com outras 16 pessoas, entre elas sua esposa, a venezuelana Mirelis Zerpa, que está foragida. Veja a carta na íntegra:
“Escrevo esta carta de coração quebrado por saber que há três meses vocês estão sem receber seus rendimentos. Nunca, nem nos meus piores pesadelos, poderia imaginar que isso poderia acontecer. Que estaria preso injustamente. Que seríamos proibidos de pagar”, diz Glaidson, em um dos trechos.
No Tribunal de Justiça do Rio, ele e a GAS Consultoria, principal empresa do grupo, respondem a 577 processos de clientes que querem os seus investimentos de volta.
“Quase uma década de trabalho jogado na lama sem jamais termos causado dano algum a ninguém. (…) Amigos, não imaginam a tortura psicológica passar por prisão sem ter cometido crime (…). Me orgulho de ser negro e humilde, a verdade prevalecerá”, argumenta.
Bens bloqueados
O juiz da 3ª Vara Federal Criminal, Vitor Barbosa Valpuesta, determinou o bloqueio de R$ 38,2 bilhões da GAS Consultoria, em Cabo Frio, Região dos Lagos, e suspendeu, ainda, as atividades de 22 empresas do grupo.
Glaidson e os outros acusados respondem por crimes contra o sistema financeiro nacional, como gestão de organização financeira sem autorização, gestão fraudulenta e organização criminosa.
Segundo investigações da Polícia Civil, o Faraó dos Bitcoins aplicaria o golpe financeiro conhecido como “pirâmide”. Com Glaidson, os agentes da Polícia Federal apreenderam R$ 15,3 milhões, em 25 de agosto.
Para cometer as fraudes, oferecia investimentos com lucro de 10% ao mês, que se baseiam em atrair um número crescente de investidores com a promessa de benefícios exponenciais em um modelo de operação insustentável. O ex-garçom usaria ainda “laranjas” em frota de luxo.