Faraó dos Bitcoins acumula 577 processos de clientes na Justiça
Preso, o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos e sua principal empresa, a GAS Consultoria, são réus após escândalo das criptomoedas
atualizado
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Rio de Janeiro – Em 25 de agosto, a prisão do ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, de 38 anos, o Faraó dos Bitcoins, acusado de fraude no mercado de criptomoedas, transformou o sonho de lucros de 10% sobre os valores investidos pelos clientes em pesadelo. Só no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro há 577 ações contra o Faraó dos Bitcoins e a GAS Consultoria, principal empresa do grupo.
Os investidores pedem na Justiça o dinheiro de volta, o cancelamento dos contratos e o pagamento de danos morais. No último dia 26 de outubro, a juíza da 3ª Vara Cível, Maria Cristina Slaibi, determinou a reserva de R$ 244 mil das contas da GAS Consultoria para pagar o investidor Ralmi Luiz da Silva, um engenheiro aposentado, de 64 anos.
A decisão da magistrada foi encaminhada à Justiça Federal. Isso porque o juiz da 3ª Vara Federal Criminal, Vitor Barbosa Valpuesta, determinou o bloqueio de R$ 38,2 bilhões da GAS Consultoria e suspendeu, ainda, as atividades de 22 empresas do grupo.
No processo movido na Justiça Estadual, Ralmi alegou ter firmado três contratos com a empresa. Dois foram em março, com valores de R$ 99 mil e R$ 95 mil, e um terceiro em abril, no custo de R$ 50 mil. O acordo dava direito ao recebimento mensal de 10%, o equivalente a R$ 24,4 mil. Os pagamentos foram interrompidos em outubro.
“Não bastasse, o Autor fora surpreendido com a notícia de que a empresa ré estava sendo investigada pela Polícia Federal, em ação conjunta com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, por suposto envolvimento em esquema de pirâmide financeira, e que o seu dono, o Sr. Glaidson Acácio dos Santos, havia sido preso por fraude”, sustentou Ralmi, por meio de seus advogados na ação.
Faraó dos Bitcoins é réu
Em nota, os advogados de Glaidson e da GAS Consultoria afirmaram que “todos os processos cíveis que envolvem contratos de vida e validamente celebrados com a empresa G.A.S Consultoria estão na sua fase inicial. Logo, qualquer juízo de valor é antecipado e imprudente, podendo acarretar, conforme a hipótese, as consequências previstas na legislação”. Os defensores disseram, ainda, que comprovarão a legalidade dos contratos.
Na Justiça Federal, o Faraó dos Bitcoins foi para o banco dos réus com mais 16 acusados de envolvimentos em fraudes. Eles respondem por crimes contra o sistema financeiro nacional, como gestão de organização financeira sem autorização, gestão fraudulenta e organização criminosa.
De acordo com as investigações, o ex-garçom promovia o golpe financeiro conhecido como “pirâmide”. O Faraó dos Bitcoins oferecia lucro de 10% ao mês – em transações financeiras – e atraía um número crescente de investidores com a promessa de benefícios exponenciais num modelo de operação insustentável.
Outra frente de negócios de Glaidson Acácio são os investimentos no mercado de criptomoedas. Quando foi preso, ele tinha mais de R$ 15 milhões em espécie, o valor é considerado um dos maiores já apreendidos pela Polícia Federal.