Familiares de vítimas da Boate Kiss deixam julgamento em protesto
Ação ocorreu em resposta ao depoimento do ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer, que negou ter responsabilidade pela tragédia
atualizado
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Familiares das vítimas e sobreviventes do incêndio na Boate Kiss abandonaram, nesta quarta-feira (8/12), o plenário do júri do Foro Central, de Porto Alegre, em protesto contra a declaração de Cezar Schirmer, ex-prefeiro de Santa Maria.
Schirmer foi o primeiro a depor no oitavo dia do julgamento. Durante sua participação, ele disse que “houve um incêndio e a prefeitura não tem nenhuma responsabilidade sobre esse assunto”, o que provocou indignação nos familiares, que acusam a gestão municipal de não ter fiscalizado o estabelecimento. Depois do depoimento do ex-prefeito, a sessão foi interrompida por alguns minutos.
O ex-prefeito ainda afirmou que soube do incêndio na madrugada do mesmo dia e que estava em casa dormindo com a esposa. “Quando eu cheguei lá havia muita tristeza”, disse. Sua oitiva era uma das mais aguardadas do julgamento.
Ele repetiu que a gestão municipal da cidade não fez nada que contribuísse para o incêndio na boate. “Desde o começo eu ouço insinuações de que deveria estar aqui, não como testemunha, mas como réu. Não fiz nada!”, declarou.
No início do processo, os investigadores incluíram Schirmer entre os acusados pela tragédia que causou a morte de 242 pessoas. No entanto, o inquérito foi arquivado pelo Ministério Público em 2016. O ex-prefeito sempre teve uma postura crítica ao processo, que definiu de “aberração jurídica”, alegando que “era notável e notória a má vontade da polícia”.