PE: familiares de mortos em chacina entram em programa de proteção
Testemunhas entraram em programa de proteção após chacina com oito mortes. Dois PMs, um suspeito e cinco familiares dele foram assassinados
atualizado
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Parentes de vítimas da chacina que aconteceu em Pernambuco na semana passada entraram no programa de proteção a testemunhas. Dois policiais, o suspeito de matá-los e cinco pessoas da família dele foram assassinados em menos de 24 horas, entre quinta (14/9) e sexta-feira (15/9).
Os familiares que entraram no programa de proteção mudaram de endereço e foram isolados. Os termos exatos de como vai funcionar a proteção estão sendo definidos. Os nomes e as relações de parentesco não foram divulgados por questões de segurança.
Veja as vítimas:
Testemunhas da série de homicídios estão sendo ouvidos pela Polícia Civil do estado e pelo Ministério Público, que investigam o caso. Além dos oito mortos, uma mulher grávida e um adolescente foram feridos.
A gestante está internada na UTI, ela perdeu a visão do olho esquerdo. O adolescente levou um tiro de raspão na cabeça e presta depoimento nesta quinta-feira (21/9). Os crimes aconteceram em quatro diferentes ocorrências nas cidades de Camaragibe (PE) e Paudalho (PE).
Advogado ameaçado após chacina
A chacina de oito pessoas também está sendo acompanhada pela Ordem dos Advogados do Brasil Secção de Pernambuco (OAB-PE).
O advogado de um dos familiares de vítimas dos crimes chegou a ser ameaçado na sexta-feira, depois de dar uma entrevista para a imprensa sobre o caso. Ele pediu que o nome dele não fosse divulgado e deixou o caso.
“Ele começou a receber ligações onde diziam: ‘Onde você está? Aqui é da Polícia Federal. A gente está procurando você’”, relatou ao Metrópoles a advogada da OAB Maria Júlia Leonel Barbosa.
Segundo a advogada, a intimidação também aconteceu em mensagens de aplicativo. O defensor ameaçado preferiu não formalizar a denúncia, mas o caso é acompanhado pela OAB.
“De toda forma, a OAB está acompanhando o caso de perto para garantir que os advogados possam executar seu trabalho livremente”, explicou Maria Júlia.
A reportagem entrou em contato com o MP-PE que informou que as investigações são sigilosas. A Secretaria de Defesa Social (equivalente a Segurança Pública), não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Entenda o caso
A série de mortes começou após os assassinatos dos policiais militares Eduardo Roque, de 33 anos, e Rodolfo José, de 38, em Camaragibe (PE). Eles foram assassinados em uma averiguação de denúncia por disparo de arma de fogo. Durante a ocorrência, os dois teriam sido baleados pelo atirador desportivo Alex da Silva, o Alex Samurai, de 33 anos. Na mesma ocorrência, uma mulher grávida de 18 anos e o primo dela, adolescente de 14 anos, foram baleados.
Durante a madrugada do dia seguinte, ainda em Camaragibe (PE), três irmãos de Alex Samurai foram executados por homens encapuzados. O momento das mortes foi transmitido ao vivo pelo Instagram. Morreram Ágata Ayanne, de 30 anos, Amerson Juliano, de 25, e Apuynã Lucas, também de 25.
Já na cidade de Paudalho (PE), na região da Zona da Mata, foram encontrados em um canavial, os corpos com marcas de tiros da mãe e companheira de Alex: Maria José Pereira da Silva e Nathália Nascimento.
Por fim, por volta das 11 horas do mesmo dia, Alex Samurai foi morto em uma ação policial em Camaragibe (PE).