Família não consegue enterrar corpo de idoso sem documentos em Goiás
Trabalhador rural vivia em povoado no município de Uruana e nunca fez qualquer documentação de identidade. Exame de DNA será utilizado
atualizado
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Goiânia – Uma família de Goiás está há quase uma semana tentando enterrar o corpo de um trabalhador rural, morto em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC), porque ele não possui nenhum documento de identidade. Os parentes vão ter que fazer um exame de DNA para conseguir a liberação para o velório e sepultamento.
Antônio Moreira de Sousa, de 77 anos, faleceu na última sexta-feira (19/11), depois de um mês internado na Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, a 60 km de Goiânia.
Desde então, familiares vivem uma peregrinação em cartórios e fóruns, em busca de uma autorização para retirar o corpo do idoso do Instituto Médico Legal (IML) da cidade.
Eles só conseguiram uma resposta depois que procuraram a imprensa. O reconhecimento do trabalhador e um exame de DNA estão previstos para a tarde desta quinta-feira (25/11).
“Ele nunca quis fazer os documentos, ele não aceitava. Acho que ele tinha vergonha porque nunca teve estudo. É de uma família bem simples. Inclusive, ele nunca tinha ido em um hospital antes”, relata ao Metrópoles a sobrinha de Antônio, a vendedora Alayne Alves, de 36 anos.
Vida na roça
O trabalhador rural nasceu em Pato de Minas (MG), mas quando era criança se mudou com a família para o povoado de Uruíta, na zona rural de Uruana, cidade de 14 mil habitantes.
Antônio Moreira sempre trabalhou na roça e não chegou a ter filhos. Ele chegou a ter dois derrames, mas se recusava em procurar atendimento médico, segundo familiares. O idoso foi levado para a Santa Casa depois de ter um AVC mais grave e ficar inconsciente.
Alayne conta que a falta de documentos de identidade trouxe dificuldades até para conseguir a internação. Parentes tiveram que providenciar uma documentação se responsabilizando pelo idoso.