1 de 1 Família congolês
- Foto: Bruno Menezes/Metrópoles
Rio de Janeiro – Ivana Lay, mãe de Moïse Kabamgabe, e mais quatro parentes do congolês morto durante espancamento em um quiosque na Barra da Tijuca chegaram à Delegacia de Homicídios na tarde desta quarta-feira (2/2) para serem ouvidos pelo delegado responsável por investigar o caso. Representantes do Consulado de Angola os acompanharam.
De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rodrigo Mondego, a família assistiu aos vídeos da agressão e ficou ainda mais chocada com a brutalidade sofrida pelo refugiado.
A mãe não conseguiu dormir com as cenas de barbárie. “É preciso ressaltar que, tanto a família quanto a Comissão de Direitos Humanos da OAB, vimos as imagens pela imprensa e ainda não conseguimos acesso aos autos do inquérito”, disse o defensor.
Segundo Mondego, os parentes questionam o fato de os vídeos terem sido divulgados picotados e dizem que vão solicitar novamente à polícia o acesso ao registro completo, sem cortes.
Ainda de acordo com o advogado, a prisão dos três envolvidos no crime deixou a família aliviada, mas não diminui a necessidade de uma punição rigorosa.
“A continuidade da agressão, mesmo com a vítima caída e já desacordada, demonstra a intenção de matar do grupo. O fato de eles terem depois tentado reanimá-la não apaga a crueldade e o grau de extrema violência, como pode ser comprovado nas imagens”, avalia o advogado.
“Há também uma clara tentativa de desqualificar o Moïse. Estão vendendo a ideia de que ele estava doido, bêbado. E não era isso. O que acontecia era que ele dormia no local de trabalho para evitar gastar com passagem. Não dá pra culpar a vítima. Ele não pode ser culpado pela própria morte”, explica o representante da OAB.
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O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro
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Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense
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Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital
Arquivo Pessoal
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Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca
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Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira. Moïse tenta se defender com uma cadeira
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O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte
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Segundo testemunhas, o jovem foi agredido por, pelo menos, 15 minutos. Pedaços de madeira e um taco de beisebol foram usados para desferir os golpes contra ele. Policiais encontraram o corpo de Moïse, amarrado e já sem vida, em uma escada
Arquivo Pessoal
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Familiares do congolês só souberam da morte quase 12h depois do crime, na terça-feira (25/1). O jovem foi enterrado no Cemitério de Irajá, na zona norte da cidade
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Os familiares também atribuem o crime ao racismo e à xenofobia, que é o preconceito contra estrangeiros. Além disso, eles denunciaram que, quando foram retirar o corpo do jovem no Instituto Médico-Legal (IML), a vítima estaria sem os órgãos
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Perícia realizada pelo IML indicou que Moïse tinha várias "áreas hemorrágicas de contusão" e também vestígios de broncoaspiração de sangue. Testemunhas afirmaram que a vítima implorou para que não o matassem
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Até o momento, oito pessoas já foram ouvidas por agentes da Polícia Civil. Segundo a família, cinco investigados estavam envolvidos no assassinato de Moïse
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Na terça-feira (1º/2), um dos funcionários do quiosque se apresentou na delegacia e confessou ser um dos agressores. Segundo ele, os suspeitos tentaram evitar que o trabalhador agredisse um idoso, mas ninguém devia salário para a vítima
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Em nota ao Metrópoles, a Polícia Civil afirma que periciou o local e analisou imagens de câmeras de segurança. As diligências estão em andamento para identificar os autores