“Falei que era erro”, diz consultor pessoal de Doria sobre desistência
Daniel Braga diz que soube de decisão do governador por secretário da Casa Civil; Doria já resolveu voltar à corrida ao Planalto
atualizado
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São Paulo – O consultor Daniel Braga é responsável pela comunicação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desde 2015, mas diz que soube pelo secretário-chefe da Casa Civil, Cauê Macris, da desistência dupla de Doria; de disputar o Palácio do Planalto e de entregar o cargo para o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB).
A informação foi adiantada pela coluna de Igor Gadelha, que, na tarde desta quinta (31/3), também afirmou que Doria já voltou atrás e retomou seu plano original de disputar a Presidência da República pelo PSDB.
“Ele não me consultou. Ele tomou a decisão sozinho. Eu fiquei sabendo às 22h pelo Cauê Macris, quando estava em um restaurante”, contou Braga ao Metrópoles.
O consultor lembra que imediatamente ligou para Doria, para tentar demovê-lo da decisão. Braga visita o político diariamente no Palácio dos Bandeirantes e havia deixado o local ontem por volta das 18h30, depois do início da reunião a sós entre Doria e Garcia, na qual o governador comunicou ao vice sua desistência.
“Ele estava em um jantar. Me retornou 23h30. Falei que ia para a casa dele e que era um erro: ‘Você tem a resiliência no teu DNA. Vamos para cima’”, relatou o consultor. Braga chegou à casa de Doria, no Jardim Europa, área nobre de São Paulo, no começo da madrugada.
A conversa não foi produtiva. Depois de deixar a residência, Braga conta que chegou a enviar uma nova mensagem por WhatsApp para ele, em que apelou que deveria reconsiderar sua decisão de desistir e repassar o cargo para o vice-governador, “que sempre foi seu fiel escudeiro”.
Depois do anúncio de Doria, um séquito de tucanos rumou para o Palácio dos Bandeirantes para conversar com Garcia e articular uma solução. No começo da tarde desta quinta-feira (31/3), Doria e Garcia fizeram uma nova reunião com aliados políticos, no gabinete do governador, sem a presença de Braga e outros assessores.
Desde o anúncio, duas iniciativas favoreceram que ele retome sua candidatura presidencial, na avaliação de Braga. A primeira foi a desistência do ex-juiz Sergio Moro de concorrer à Presidência da República pelo Podemos, o que abre mais espaço para uma terceira via.
O outro gesto favorável foi a carta assinada pelo ex-deputado federal Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, em que reitera o empenho do partido em lançar Doria como candidato à Presidência da República, comprometendo-se a agir contra as tentativas de lançar o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) ao cargo, como desejado por opositores do governador paulista.