Fake news sobre urnas: PGR quer manter investigação contra Bolsonaro
A subprocuradora-geral Lindôra Araújo afirmou que seria “prematuro” encerrar investigações sobre conteúdo de live veiculada em julho
atualizado
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A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo se manifestou contra recurso da defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) em ação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar a suposta divulgação de informações falsas sobre o sistema eleitoral.
Os advogados de Bolsonaro pediram o trancamento da ação. Em manifestação encaminhada à Corte, a representante da PGR afirmou que é “prematuro” encerrar o procedimento contra o chefe do Executivo federal.
No documento, a subprocuradora ressaltou que o encerramento de inquérito criminal antes da conclusão das investigações deve ocorrer só em ocasiões excepcionais. Para Lindôra, há indícios de que possa ter havido a divulgação de informações falsas na live do presidente, realizada em 29 de julho de 2021.
Na ocasião, após meses de seguidos questionamentos sobre o sistema eleitoral brasileiro, o presidente promoveu uma transmissão ao vivo para demostrar supostos “indícios” de que o pleito de 2014 foi adulterado para favorecer a petista Dilma Rousseff.
Bolsonaro convocou integrantes do primeiro escalão do governo, como o ministro Anderson Torres, da Justiça, para apresentar as informações ao vivo na transmissão pelas redes sociais.
Porém, após gerar muita expectativa em torno da promessa de divulgação de provas de fraude eleitoral no Brasil, Bolsonaro usou a live para fazer uma defesa enfática da adoção do voto impresso e apenas requentou denúncias já desmentidas que circulam pela internet.
E acabou por reconhecer: “Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”. Veja a live:
Polícia Federal
Em relatório de inquérito que investigou a transmissão ao vivo feita pelo presidente em 29 de julho, a Polícia Federal sugere a inclusão de Jair Bolsonaro (PL) no inquérito das milícias digitais. Ele teria tido atuação “direta e relevante” em produzir desinformação sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro, dos quais contestou a lisura sem, no entanto, apresentar provas.
De acordo com a delegada Denise Ribeiro, as atitudes do presidente seguem “um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países”. A PF sugere o envio da investigação para o Ministério Público Federal e à Controladoria-Geral da União.
“Em resumo, a live presidencial foi realizada com o nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população ao erro quanto à lisura do sistema de votação, questionando a correção dos atos dos agentes públicos envolvidos no processo eleitoral (preparação, organização, eleição, apuração e divulgação do resultado), ao mesmo tempo que, ao promover a desinformação, alimenta teorias que promovem fortalecimento dos laços que unem seguidores de determinada ideologia dita conservadora”.
O documento foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF) em 13 de setembro. A apuração mostra a existência de uma reunião antes da live, feita no Planalto, para discutir o conteúdo apresentado.