“Êxodo venezuelano perturba países da América Latina”, diz Temer
No Brasil, cerca de 32 mil venezuelanos já pediram refúgio ou residência temporária desde 2015
atualizado
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O presidente Michel Temer disse nesta terça-feira (20/3) que o êxodo venezuelano perturba os países da América Latina e que deseja a pacificação política do país. O assunto foi um dos abordados durante a visita do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao Brasil.
“O êxodo venezuelano, para o Brasil e para a Colômbia, perturba os países da América Latina e nós fizemos questão de evidenciar que a nossa relação com a Venezuela é institucional, é de Estado e Estado, mas não significa que nós patrocinemos o que está acontecendo na Venezuela sob foco político”, disse Temer à imprensa após reunir-se com Santos no Palácio do Planalto.
Por sua vez, Santos ressaltou que os presidentes fazem um apelo ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que aceite a ajuda humanitária ofertada por países como a Colômbia e Brasil. “Não entendemos como recusam esse tipo de ajuda quando a crise humanitária se agrava dia após dia”.
No Brasil, cerca de 32 mil venezuelanos já pediram refúgio ou residência temporária desde 2015, quando começou o fluxo migratório para o país, informou a Casa Civil. Mas o fluxo na fronteira é ainda maior, já que muitos deles voltam à Venezuela para buscar familiares ou para levar dinheiro para quem ficou. Por dia, entram de 600 a 800 venezuelanos no Brasil, mas eles não necessariamente se estabeleceram aqui.
De acordo com a organização não governamental (ONG) Conectas, 600 mil venezuelanos entraram na Colômbia nesse último período de crise, mas o país tem fechado a fronteira em alguns momentos e passou a exigir passaporte dos imigrantes.
Combate ao crime organizado
Em 2016, Santos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços para pôr fim à guerra civil no país, que durou mais de 50 anos e matou pelo menos 220 mil colombianos. Ele firmou um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha do país, no qual as Farc se comprometem a abandonar as armas e as técnicas de guerra, além de se tornar um partido político, a Força Alternativa Revolucionária do Comum, que conservou a sigla.
No discurso a imprensa, Santos enfatizou: “O crime organizado se combate de várias maneiras, mas a mais efetiva é a inteligência”. De acordo com ele, a questão das fronteiras do Brasil e Colômbia foi também discutido no encontro. Os países pretendem fortalecer a relação na área de segurança para combater o narcotráfico e outras práticas ilegais.
No brinde feito após a cerimônia no Planalto, no Palácio do Itamaraty, Temer disse: “A maior coragem é harmonizar as reações dentro do país e portanto buscar a paz, isso que é corajoso e não foi sem razão que recebeu o Nobel da Paz”.
Acordos
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, veio ao Brasil a convite do presidente Michel Temer, acompanhado por seus ministros das Relações Exteriores, da Defesa, do Comércio, da Agricultura e do Meio Ambiente.
Os presidentes trataram de temas da agenda bilateral, como apoio brasileiro ao processo de paz na Colômbia, comércio, investimentos, cooperação em agricultura familiar e desminagem, segurança nas fronteiras e desenvolvimento fronteiriço. Também abordaram temas regionais, em especial a aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, a crise venezuelana e o fluxo migratório dela decorrente.
Os países firmaram um entendimento para a cooperação na agricultura familiar e o desenvolvimento rural e um entendimento para de ajuda bilateral no desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas e artesanato. Além disso, firmaram uma declaração conjunta que reconhece o Certificado de Origem Digital como instrumento para simplificar os procedimentos comerciais entre Brasil e Colômbia.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a Colômbia é parceira estratégica do Brasil. O comércio bilateral cresceu 25% e alcançou US$ 3,9 bilhões em 2017, com superávit para o Brasil de aproximadamente US$ 1 bilhão. Entre as exportações brasileiras para a Colômbia, 92,8% são produtos manufaturados.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos aponta o país vizinho como segundo destino de interesse para internacionalização de empresas brasileiras, atrás somente dos Estados Unidos.