Executivos de veículos de comunicação são citados no Panama Papers
Investigação conduzida por jornalistas de 76 países teve acesso a nomes como Carlos Schroder, diretor da Rede Globo, e o apresentador Ratinho, da SBT
atualizado
Compartilhar notícia
A série Panama Papers teve novos alvos de investigação, ligados principalmente a veículos de comunicação do Brasil. Pelo menos 14 empresários e diretores de companhias de mídia, parentes ou jornalistas foram identificados como participantes de esquemas de offshore, empresas usadas para movimentação financeira fora do país.
Os dados foram revelados pelo jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, um dos profissionais brasileiros que tiveram acesso aos mais de 11,5 milhões de arquivos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.Segundo Rodrigues, nomes conhecidos no mundo da mídia nacional, como Carlos Schroder, diretor da Rede Globo; João Tenório, senador do PSDB e dono da emissora TV Pajuçara; José Roberto Guzzo, colunista da revista Veja; e o apresentador Ratinho, do SBT; estão entre os envolvidos com empresas identificadas na investigação. A maioria dos citados afirma que as transações foram declaradas à Receita Federal e que não apresentam irregularidades. Confira a lista completa na postagem do jornalista.
Em seu texto, Rodrigues afirma que a reportagem contou com extensa checagem manual, na qual foram consideradas 617 empresas e pessoas. Foram verificados nessa varredura os 346 jornalistas listados como finalistas do prêmio “Os + admirados jornalistas brasileiros 2015″ na categoria “nacional”, os acionistas dos 50 maiores jornais de 2014 listados no site ANJ e os diretores e acionistas das principais emissoras de TV e rádio.
Panama Papers
A investigação internacional baseia-se num acervo de cerca de 11,5 milhões de arquivos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, obtidos pelo jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” e compartilhado com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
Participaram da reportagem 376 jornalistas de 76 países. Esses profissionais atuam em 109 veículos de mídia diferentes. O material está sendo analisado há cerca de um ano para a preparação da série. No Brasil, participaram da apuração o UOL, o jornal O Estado de S. Paulo e a RedeTV!.
Os dados cobrem o período que vai de 1977 até dezembro de 2015. Foram identificadas 214.488 pessoas jurídicas nos dados, entre empresas, trustes e fundações. Um levantamento do ICIJ identificou cerca de 1,7 mil beneficiários de offshores com endereços no Brasil.
Offshore
O termo inglês “offshore” nomeia as sociedades registradas no exterior, em um país onde o proprietário da companhia não é residente. Diferentemente das filiais internacionais das empresas, essas sociedades não têm nenhuma atividade econômica nos países onde estão domiciliados.
A lei brasileira garante o direito de controlar empresas no exterior – uma “offshore company”, em inglês. Para que tal empreendimento seja legal, basta que seja declarada à Receita Federal e ao Banco Central (em caso de patrimônio superior a US$ 100 mil).
No Brasil, entretanto, os principais usos ilegais de offshores têm o objetivo de fraudar informações patrimoniais (ocultação de bens de credores, por exemplo); sonegar tributos e enviar para o exterior bens de origem ilícita.