Executivo desempregado dorme na rua e vive no Aeroporto Santos Dumont
Vilmar Mendonça, de 58 anos, tem usado o local como escritório para procurar trabalho e se alimentado com comidas de ONGs
atualizado
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O currículo qualificado e repleto de experiências profissionais não foi suficiente para que Vilmar Mendonça, de 58 anos, mantivesse o emprego. Desempregado desde 2016, o executivo com especialidade na área de recursos humanos tem usado a internet, o banheiro e a água do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro, como escritório enquanto procura trabalho. Pela noite, ele dorme na rua.
“A coisa foi decaindo. Não consegui. Veio a Lava Jato e o Rio de Janeiro entrando em falência, como é sabido. Por mais que todo dia eu mande currículo, todo dia eu tente alguma coisa, até mesmo fugindo um pouco da minha área e me colocando à disposição para pegar qualquer coisa para sobreviver, não flui” — contou ele ao jornal O Globo.
“Quando o aeroporto está quase fechando, eu troco de roupa. Tenho uma para dormir. Eu me transformo. Tenho uma pessoa de confiança aqui, que guarda o laptop e o celular para mim. As outras coisas deixo num saco preto, e deito a cabeça sobre ele, também tenho meu cobertor” comentou ele ressaltando que sempre acorda às 4h para não saberem que ele é morador de rua.
Embora ainda esteja mandando currículos, Vilmar também declarou que dias após ter dado uma entrevista a um jornal francês, sua sorte começou a mudar. O profissional tem recebido propostas e ligações oferecendo trabalho, dinheiro, moradia e até pedidos de namoro.
Dona Isaura
Em julho, o Metrópoles contou a história de Dona Isaura, que há 24 anos mora no Aeroporto Internacional de Brasília. Em meio ao vaivém diário de 50 mil passageiros, a aposentada Isaura Lima Lopes, 83 anos, não passa despercebida.
Os funcionários que trabalham no terminal a conhecem. A Inframerica, administradora do Aeroporto JK, também tem ciência de sua presença no local. Sem ouvir desde os 38 anos, Dona Isaura carrega a Bíblia e cartazes. E costuma falar alto pelo terminal, o que acaba chamando a atenção das pessoas.
A idosa diz que nasceu em Goiana, município de Pernambuco, e não tem contato com a família. Depois de 40 anos viajando de cidade em cidade, ela veio para o Distrito Federal. Chegou em 1992 e começou a frequentar o aeroporto no ano seguinte. A frequência no terminal, que era de algumas horas, se transformou em dias, meses, anos.
Dona Isaura diz que mantém uma quitinete alugada em Valparaíso (GO), no Entorno, mas, nesses últimos 24 anos, passou a maior parte do tempo no JK. Ela também circula por outros aeroportos do país.