Exame preliminar diz que enforcamento foi causa da morte de Wanderson
Conforme perícia, corpo não tinha sinais de outro tipo de morte e situação dos órgãos internos tem características de asfixia por laço
atualizado
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Goiânia – O exame cadavérico feito no corpo de Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, na tarde desta terça-feira (18/1) aponta inicialmente para sinais claros de morte por enforcamento, segundo uma médica legista ouvida pelo Metrópoles. Ele foi encontrado morto, com um lençol preso no pescoço, em uma cela do complexo prisional de Aparecida de Goiânia nesta manhã.
O jovem era autor confesso de um triplo homicídio em Corumbá de Goiás no final de novembro do ano passado. Na ocasião, ele admitiu ter matado a facadas a companheira, de 19 anos, a filhinha dela, de 2 anos, e o patrão, um fazendeiro de 77 anos. Após o crime ele fugiu e só se entregou em 4 de dezembro.
Conforme o exame, características externas e internas do cadáver, indicam que o óbito foi causado por asfixia provocada pelo laço feito em um lençol e pendurado na cela, onde o caseiro estava sozinho.
Conforme a médica, Wanderson apresentava lesões no pescoço no formato oblíquo, indicando que o pescoço ficou pendurado pelo lençol. Em caso de morte por esganamento, por exemplo, o formato dessas lesões seriam diferentes.
Além disso, havia machucados no músculo do pescoço condizentes com a pressão do material do lençol. Também havia machucados na traqueia que confirmariam essa hipótese.
“Asfixia”
Na parte interna do corpo, que é aberto durante esse tipo de exame, também havia sinais de morte por asfixia, conforme o exame. Os pulmões estavam insuflados e no coração havia pequenas manchas, chamadas de petéquias, também sinais desse tipo de óbito, segundo a profissional ouvida pela reportagem.
O cadáver não apresentava sinais de violência, como fraturas e hematomas que indicassem agressão. Quando estiver concluído, o exame cadavérico deve auxiliar na investigação da morte de Wanderson. A Polícia Civil é a responsável pela investigação.
Wanderson foi encontrado morto por volta das 7h20, quando um servidor do presídio teria ido fazer a entrega do café da manhã.
Ele foi chamado até a porta da cela para pegar a refeição, mas não respondeu. Com isso, policiais penais teriam entrado na cela e encontrado o homem já morto. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) suspeita que tenha sido suicídio.
Crimes em sequência
Os crimes em série de Wanderson Protácio teriam sido praticados no fim da tarde de domingo (28/11). De acordo com a Polícia Civil, o jovem teria matado a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.
Na sequência, o caseiro invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou a tiros o produtor rural Roberto Clemente de Matos, de 73 anos. Ele teria cometido o crime para roubar uma camionete. Neste mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, de 45 anos, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu.
A caminhonete roubada foi abandonada em uma rodovia da região. Wanderson vendeu o celular que pertencia a sua esposa a um receptador de Alexânia, que acabou sendo preso. Da cidade, ele fugiu de táxi pelo menos até Abadiânia. Um taxista confirmou ao Metrópoles que fez a viagem.
Crimes no currículo
Essa onda de crimes não é única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. A primeira morte teria ocorrido quando ele ainda era adolescente, aos 13 anos. Em um desentendimento familiar, ele teria matado a facadas o tio da então namorada. Depois disso, fugiu para Goiás, onde foi viver em Goianápolis.
Em dezembro de 2019, ele esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela. O caso foi em Goianápolis. O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso pela tentativa de feminicídio. À época, em uma audiência, ele zombou do episódio. O jovem foi solto em março de 2020.
Em 25 de novembro aquele ano, Wanderson se envolveu em outro crime, dessa vez em Minas Gerais. Ele é apontado como participante na morte do taxista Maurício Lopes Mariano, de 25 anos, em São Gotardo. Ele foi preso na região junto com outras três pessoas (dois adolescentes). O taxista teria sido amarrado com o cinto de segurança e esfaqueado até a morte.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho. Wanderson, aliás, confessou a amigos ser fã do Lázaro original.