“Exagerada e desnecessária”, afirma Salles sobre Operação Akuanduba
O ministro falou com a imprensa no final de um evento em Brasília
atualizado
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou ter sido surpreendido com a Operação Akuanduba, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (19/5). O objetivo da ação é apurar crimes ambientais e contra a administração pública.
Salles e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Fortunato Bim, estão entre os alvos da operação. Bim foi afastado do cargo.
“Minha manifestação é de surpresa com essa operação, que eu entendo exagerada, desnecessária, até porque todos, não só o ministro, que foram citados e incluídos nessa investigação estiveram sempre à disposição para esclarecer quaisquer questões”, disse Salles a jornalistas, ao fim de sua participação em um evento no Centro de Convenções do Brasil 21, em Brasília.
Salles disse ainda que o Ministério do Meio Ambiente atua sempre com “bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal”, desde o início do governo. O ministro também afirmou acreditar que, da forma como foi instruído, o inquérito levou o relator Alexandre de Moraes “ao erro”.
“Entendemos que esse inquérito, do pouco que sabemos, foi instruído de uma forma que acabou levando o ministro relator a erro, induzindo, justamente a dar a impressão de que houve ou que teria havido, possivelmente, uma ação concatenada de agentes do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente para favorecer ou para fazer o destravamento indevido do que quer seja”, argumentou.
“Essas ações jamais aconteceram. O ministério e o Ibama sempre procuraram agir de acordo com as regras, com bom senso e com equilíbrio, isso ficará demonstrado nos autos do inquérito conforme eles forem instruídos”, salientou Salles.
Comunicação a Bolsonaro
Questionado se já havia falado com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sobre a operação, Salles disse que se encontrou com o chefe do Executivo para explicar “do que se trata”.
“Expliquei que, na minha opinião, não há substância nenhuma para as acusações. Embora eu não conheça os autos, já sei do que se trata e me parece que esse é um assunto que vai ser esclarecido com muita rapidez, porque, efetivamente, tanto o ministério quanto o Ibama agem de acordo com a lei e com as regras”, destacou.
Interferência dos Estados Unidos
No despacho do Supremo Tribunal Federal (STF) consta que denúncias e documentos da Embaixada dos Estados Unidos teriam levantado suspeitas sobre o “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”.
“Essa questão dos Estados Unidos foi uma carga, aparentemente exportada, e quando chegou aos EUA, eles pediram documentos que não constavam. A presidência do Ibama entendeu, analisando o caso concreto, que a regra invocada era uma regra que já deveria ter sido alterada. Dessa forma técnica, aparentemente agiu”, explicou o chefe da pasta.
Salles ainda defendeu que as informações e os dados sobre o caso só serão comentados quando puderem ser acessados no inquérito.
Operação Akuanduba
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (19/5), a Operação Akuanduba, que investiga crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
Após o início da operação, Salles foi à Superintendência da PF, em Brasília, por conta própria. Pelo menos 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no DF e nos estados de São Paulo e do Pará.
Entre os endereços, estão a sede do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e o apartamento de Salles, em São Paulo. As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Confira a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes que autorizou a operação:
Decisão do STF sobre Ministério do Meio Ambiente e Ibama by Metropoles on Scribd