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Ex-secretário recebeu propina até no Palácio Guanabara, diz MPF

Homem forte de Sérgio Cabral, Régis Fichtner aparece em planilhas de operador financeiro do esquema. Ele teria recebido R$ 1,56 milhão

atualizado

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Divulgação/Governo do Rio
Regis Fichtner
1 de 1 Regis Fichtner - Foto: Divulgação/Governo do Rio

O ex-secretário da Casa Civil do Rio Régis Fichtner recebeu propina em espécie por cinco vezes, num total de R$ 1,560 milhão, em entregas feitas inclusive no Palácio Guanabara, sede do governo, segundo investigações do Ministério Público Federal (MPF). Fichtner foi preso nesta quinta-feira (23/11) em mais uma fase da Operação Lava Jato.

De acordo com a denúncia, ele teria usado o seu cargo para favorecer empresas específicas de outros integrantes da suposta organização criminosa liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Fichtner aparece em anotações feitas por Luiz Carlos Bezerra, operador financeiro de Cabral, obtidas pela força-tarefa da Lava Jato.

Bezerra contou que ele mesmo fez as entregas ao ex-secretário, entre meados de 2013 e abril de 2014. Declarou ainda que, também, levava propina ao escritório de advocacia de Régis Fichtner, localizado no Jockey Club, no centro da capital.

 

Decisão do juiz federal Marcelo Bretas decretando a prisão preventiva de Régis Fichtner by Metropoles on Scribd

Segundo Bezerra, as ordens para que os pagamentos fossem efetuados eram dadas por outro operador, Carlos Miranda. A função do operador financeiro no esquema era recolher o dinheiro em espécie e levar a locais determinados por outros membros da organização.

O esquema
Suplente de Sérgio Cabral no Senado de 2002 a 2007, Fichtner assumiu o cargo nos últimos dois anos. Em 2007, ele se tornou secretário da Casa Civil do então governador, cargo que ocupou até 2014.

Além da suposta propina de de R$ 1,56 milhão em espécie, Fichtner autorizou, no exercício da função, a compensação de precatórios no valor de R$ 74,8 milhões à empresa Telemar Norte-Leste, cuja advogada era Adriana Ancelmo, mulher de Cabral.

De acordo com o MPF, em outubro de 2012, ele também contratou pelo Governo do Rio, por R$ 3,4 milhões, a empresa Líder Taxi Aéreo, cujo advogado era o próprio Fichtner. A Lava Jato apontou que, “curiosamente”, esta empresa “efetivou generosas doações ao PMDB e aos seus políticos em 2008 e 2012”.

Durante a gestão de Fichtner, foram concedidos benefícios fiscais nos valores de R$ 683 milhões para a empresa Thyssenkrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico, e de R$ 583 milhões para a White Martins Gases. Conforme a denúncia, tais empresas também eram assessoradas pelo escritório Fichtner, Mannheimer, Horta e Perez advocacia, do qual o ex-secretário é sócio.

Apesar de Fichtner ter se afastado formalmente das atividades do escritório durante sua função no governo do Rio, logo após a exoneração do cargo de secretário da Casa Civil, em 2014, ele teria recebido a quantia de R$ 16,4 milhões da banca, aponta a força-tarefa. Isso “faz crer que vinha exercendo alguma atividade informal de advocacia”, segundo a denúncia.

 

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