Ex-secretário garantia a bandidos não repassar informações à polícia
Preso e exonerado do comando do sistema prisional no Rio, Raphael Montenegro dizia que era “sujeito homem” e não trairia os criminosos
atualizado
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Rio de Janeiro – Apesar de ter acesso às informações sobre o tráfico de drogas, o então secretário de estado de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, garantia que não repassaria os dados à polícia por ser “sujeito homem” e “não trair acordo com os criminosos”. Ele e mais dois servidores da pasta foram presos em ação da Polícia Federal na manhã desta terça-feira (17/8).
A decisão que levou os três para a cadeia, do desembargador federal Paulo Espírito Santo, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), ressalta a conversa de Montenegro com Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, na penitenciário federal de Catanduvas, no Paraná.
“A gente já conversou com colegas, com irmão seus, e falaram ó, estado tal é fulano, estado tal é de ciclano, Peru… Tem braços no Peru, no Paraguai, eles falam, assim, eles falam e não sai da nossa relação, eu não vou pegar e ‘ó Polícia, tá aqui ó’”, destacou o texto.
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF), Montenegro visitou 10 criminosos da mais alta periculosidade em Catanduvas entre os dias 27 e 28 de maio. Como a unidade dispõe de escuta ambiental, foi possível interceptar as conversas.
Claudinho da Mineira é considerado um principais chefes da facção criminosa Comando Vermelho no estado, com atuação em comunidades dos Complexos do Estácio, Lins e Chapadão, na zona norte. Ele cumpriu pena por tráfico de drogas, mas ganhou o direito de sair da prisão ao deixar o regime fechado para o semiaberto. De volta ao Rio, em agosto de 2013, saiu da prisão e não voltou mais.
Só voltou a ser preso em agosto de 2015, em ação do Batalhão de Operações Especiais no Complexo do Alemão, zona norte, e foi transferido para fora do estado por ser considerado de alta periculosidade. Entre os 10 bandidos mais perigoso do Rio, Montenegro se encontrou ainda com Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, a quem admitiu que “se tiverem só 100 fuzis, o lucro é maior”.
Marcinho VP é apontado nas investigações como a maior liderança nacional da organização criminosa Comando Vermelho e
cumpre pena há 25 anos. Montenegro, no encontro com o acusado, o classificou como mais importante do que autoridades, como secretário de segurança.