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Ex-prefeito de Unaí enfrenta júri por chacina de servidores em 2004

Antério Mânica foi condenado em 2015 pela morte de fiscais do Ministério do Trabalho e seu motorista, mas conseguiu anular a sentença

atualizado

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José Cruz/Agência Brasil
Local da chacina de Unaí
1 de 1 Local da chacina de Unaí - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O fazendeiro Antério Mânica, que já foi um dos maiores produtores de feijão do país, sentará no banco dos réus do Tribunal do Júri nesta terça-feira (24/5), em Belo Horizonte (MG), para ser julgado como suspeito de ter sido um dos mandantes do crime que ficou conhecido como Chacina de Unaí.

Ele, que foi eleito prefeito da cidade do noroeste mineiro após o crime e ocupou o cargo por dois mandatos, já havia sido condenado em 2015 a 100 anos de cadeia, mas conseguiu anular a sentença na segunda instância. Com isso, o processo recomeçou e pode ter um desfecho agora, 18 anos após o crime.

Os auditores-fiscais do Ministério do Trabalho Nelson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram brutalmente assassinados em 28 de janeiro de 2004, quando fiscalizavam denúncias de trabalho escravo em fazendas da região.

O carro deles foi abordado por pistoleiros em uma estrada rural (imagem em destaque) e todos foram mortos à queima-roupa, sem nenhuma chance de defesa.

Após anos de uma investigação cheia de idas e vindas, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou os pistoleiros e quatro supostos mandantes: os fazendeiros Antério e Norberto Mânica e os empresários cerealistas Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.

A eleição de Antério para prefeito lhe deu foro privilegiado e ele foi julgado separado dos outros três, que foram condenados, em 2013, pelo Tribunal do Juri e tiveram as sentenças mantidas em segunda instância, mas ainda hoje, 18 anos após o crime, aguardam em liberdade a resposta a recursos de suas defesas.

Insuficiência de provas

Condenado em 2015, Antério teve mais sucesso na estratégia de defesa e conseguiu anular seu júri em recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, que viu insuficiência de provas e cancelou a decisão dos jurados. Com isso, o trabalho do MPF no caso recomeçou e o agricultor e político volta ao banco dos réus agora.

O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Sinait) prepara um ato público por justiça para ser realizado nesta terça, com servidores de todo o país e familiares das vítimas, na frente da sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte.

Os argumentos da promotoria

No novo júri, o MPF argumentará que provas suficientes que demonstram o envolvimento de Antério Mânica na chacina. Segundo a promotoria, no dia anterior ao crime, um veículo Marea azul, igual ao da esposa do ex-prefeito, foi visto durante encontro entre os executores e os intermediários em um posto de abastecimento.

O fato foi confirmado pelo réu Willian Gomes, motorista da quadrilha e condenado a 56 anos de prisão pela sua participação nos assassinatos. Em depoimento prestado à Polícia Federal, ele confirmou a presença do veículo e disse ainda que dentro dele se encontrava um homem muito “bravo”, que gritava que era para “matar todo mundo”.

Além disso, foram identificadas ligações realizadas da fazenda do réu para a cidade de Formosa (GO), onde morava um dos pistoleiros.

O Metrópoles não conseguiu contato com Antério Mânica ou com sua defesa. O espaço para manifestações está aberto.

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